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Homens nos
semáforos esperando a luz vermelha para pedir esmola aos primeiros carros das
filas obrigadas a espera. Do dilúculo ao crepúsculo, esses seres desavindos
para com a(s) fortuna(s) do mundo. E de Janeiro a Dezembro. E do berço, se algum, à
vala-comum, mais certa. O silêncio desses homens de multiplicada-por-zero-solidão.
Como pombas – mas sem asas nem céu. Hermínio mira-os em espelho. O que por aí
vai de (in)existências! Nevertheless,
the show must go on, as is often said por-aí-além. Uma
pouca de sol houve ainda no dia frio, de frias aragens corridas algo
algidamente. Foi pela tarde, já perto das dezoito. Hermínio recolhera-se a
recanto propício a miragens de homens esmolando-se. Nem grande susto nem
acalentada esperança. Nada por nada, nicles-por-batatóides. Em casa, quem com
casa. Sob os viadutos, ciganos & gentios adensando as trevas. Profanação da
mais ligeira expectativa. Ambulâncias, carros-de-patrulha, trotinetes-eléctricas,
século-XXI-em-glória-plena. Algumas excepções no sentido solidário:
mato-anonimato. Regra-geral, obnubilação de existências. Espécie de sibéria-do-grande-capital. Ou coiso.
Uma vez escritas, estas linhas nem ajudam nem prejudicam. Trata-se tão-só de
Hermínio vocando a Delfim horas menos boas. É aquele tornando este partícipe de
circunstâncias esquecíveis.
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