26.
SIC FIAT
Coimbra, sábado, 11
de Abril de 2020
Soube detalhes do casamento do
poeta Lamartine.
Aconteceu-me tal hoje, topei
páginas antigas.
Houve um jogador do Benfica
chamado Matine.
Tenho ido à janela, não passam
raparigas.
Foi com Paulino de Oliveira que se
casou
a insigne dama Ana de Castro
Osório,
não com Camilo Pessanha, cujo
afecto cativou:
é assim a vida, preciso é não
sofrê-la a sério.
Na cozinha, durante a cocção mesma
da sopa,
não pensei no que me gasto, pensar
não me poupa.
(Sim, alguns versos ainda dão de si, ainda de si se me
dão. Vão – ou vêm – valendo-me. Ocorrem-me os anos que nos acorrem. Com a idade
os ardemos. A novidade deste ano 2020 é a pandemia viral. Não se tosse outra
coisa. Convicto sou há muito (muito mesmo, não é convicção repentina minha de
agora) de que a Natureza se vinga da Sua pior criação: o Género Humano. Este
suja-A. O Homem caga no prato de onde come, morde a mão que o alimenta. Vai
pagando por isso – até à mais cabal extinção. Isto não é misantrópico pessimismo
sequer. É o que é. Tudo indica que tecto & paredes & fundações nos
descasarão. Quando. É work-in-progress. Eu só tenho versos, livros alheios
de grande força, o Gato, algumas horas de sono que ocasionalmente os
esquiz’onirismos não invadem. Esta tarde mesma, dormi duas horas boas. Cerrei
os cortinados, desliguei as máquinas. O Gato fez o mesmo rente à minha manta
castanha. Depois, anotei aquilo do Lamartine, aquilo de Ana + Paulino/adeus,
Camilo. Havia sopa ainda, café fresco, Nemésio, Osório, Brandão, Oliveira
(Carlos de). Sou afortunado. Dou por dentro voltas. Uso os lápis (mas preciso
de uma afiadeira nova). Na semana que vem, precisarei de uma manhã no exterior
para tratar de dois papéis oficiais, não dos meus. Chova ou não. Assim seja.)
2 comentários:
Vivas, Daniel
Vão aqui uns parabéns neste abraço que te mando.
Entretanto logo te apanho, nesta mesma idade de quem nasceu no ano da graça de mil novecentos e se... mais não digo)
Até breve
Obrigado, Amigo. Saúde!
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