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Serei um dia cinza do teu nome,
ninguém em ti quando alguém antes de ti.
Passos dou a esta cidade mínima (= a minha vida)
dada aos cães, às pombas, às terças-feiras.
Para lá das cinzas que somos desde nascidos, vê,
o nosso nome é mármore de pequenos acontecimentos.
Vivemos sem no saber de mínimos momentos,
que desde nascidos cinzas somos para cá, vê.
Pequena Mãe minha mínima a esta hora em sala
sua sentada caladamente antiga, velha, digo,
minha Senhora original, mãe-de-água, cala,
nosso, meu, matricial amor, meu mais amigo.
Sentadamente, uma quinta-feira, sou o homem
que é preciso não conter em sentada casa.
Que o tomem por homem, calado, não já jovem,
sujeito embora e 'inda a golpe d'asa.
Maravilha: est' arquitectura, esta feira-quinta,
este vivo estar em puro agravo.
Dou-te em mi bemol aguda requinta,
rosa minha - e eu, teu impuro cravo.
2 comentários:
És muito mais que cinza, cinzas... és maravilha, essa pura e requintada arquitectura da palavra! quanta beleza!
C.
Não concordo - mesmo.
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