Não tocam os objectos, dizem-nos.
As outras mãos são objectos, perante elas.
Essas mãos não dão nunca a mão.
Não têm idade nunca.
Semelham jamais ter nascido.
Nunca as vi mortas, pousadas embora,
algumas, sobre vazios cascos, de gente,
na igreja, velas ardendo.
Não amo tais mãos, acho-as só
sós. E belas.
Torcem-se de sangue e ossos.
Ganham sol, aranhas morenas.
Algumas dizem adeus no vidro
dos comboios.
Outras pulsam a linha de pesca.
Umas têm dinheiro, outras
pedem-no.
Todas iguais, rumorosas todas.
Como insolentes crianças cheias
de inteligência macabra.
Só se calam quando chegam
à poesia: é vê-las
então, mamando
do próprio veneno.
Caramulo, noite de 20 de Julho de 2006
5 comentários:
Daniel,que parasita é este?
Caro Daniel, congratulo-o pelo seu blogue, e deixo-lhe convite para visitar a minha página:
http://mancelos.googlepages.com/home
Um abraço,
João de Mancelos
Visito pela primeira vez este espaço. Gostei imenso do que li escrito pelo Daniel Abrunheiro. Acrescento que, enquanto a inveja se manifestar sob a máscara do anonimato, a caravana passa, já que o talento tem asas e a inveja corrói aqueles que a possuem e que não dão a cara!!
Meus Amigos: os insultos não têm importância.
Solmaior: não ligues.
João: lá irei, claro.
Paula Raposo: bem-vinda seja e muito obrigado.
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