Ruínas que deixam ver o interior despojado do mais efémero adereço: a humanidade.
Onde era a cozinha, o diagrama de humidade onde outrora o fogão a lenha foi quente.
Onde era o quarto de dormir - todo o amor ali feito se dissipou, caçado e comido na persistente teia de aranha negra que drapeja num vértice como uma bandeira mortal e morta.
Uma perna de boneca de plástico, a junta redonda da virilha sem tronco a que juntar-se mais.
Uma asa de alumínio de desaparecido tacho.
Cagadas secas de vadios homens e cães humanizados.
Riscos de carvão na cal das paredes: obscenidades, futebol, política, datas.
Gosto destas casas onde só o tempo mora sem pagar renda.
Tondela, 8 de Setembro de 2005
2 comentários:
este também tem aromas musicais
para mim é claro
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