Talvez um cais fluvial, suave ave
arejando a doçura do entardenoitecer,
o corpo veicular fazendo-se nave
a singrar / a sangrar às contas co’ ser.
Barcarola do improviso à bolin’arreata,
depois do café-com-leite & do
pastel-de-nata,
confortado, requentado, frequentado,
corpo-eu-meu dando o dia por rimado.
Além, no adentr’olhar, as coisas
atlânticas.
Acima, o pesponto respigado sideral.
Não ser isto nada Paris, mas
algures-Portugal,
terra de patrícias mel-mil-maravilhas
semânticas.
Macerados laranjais de ouro-sangue a poente
incendeiam da visão escrita a bonomia.
Fez calor até & esteve de sol o
todo-dia,
em lânguida euforia transou a comum gente.
Agora uma mulher pintada-capilar neva
perto:
parece seu quê de cegonha, qq. coisa de M.ª
Alberto.
Fufa talvez. E talvez não. E vai daí,
aquilo serve para o que é amailo pró chichi.
Pintalga a retina o cosculhar cromático
dos diamant’esmigalhados na aquasfera.
Na paragem do autocarro, ’ma mulher espera
o dit’omnibus, cujo atraso é luso e
matemático.
Vacum galinhedo brasileiro já manobra
em mariposante aproximação do bar-alterne.
O putedo é profess’oss’ofício perene
– e mais tomos tem do que eu obra.
Casal tisnado, sessentão, abastado
acampa de mesa à dextra minha.
A ela seu chá frio alimonado.
E ele, olh’ó proleta!, c’a bela cervejinha.
Rêgo mole de nata-banha, as mamas dela.
Canetas-canelas agudas, o passarão.
Ele ’tá bem reformado, arrecebe um
dinheirão.
Ela nunca fez nada, tirante uma q’outra
mijadela.
Estou aqui deposto em sossego. Barbarizo.
Apanhei jeito escrevente, mas não juízo.
Do mais que não conto, por ser já tarde,
conto contar amanhã. A
malta q’aguarde.
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