24/05/2006

Os Prémios

(Porque não há senão sem bela, decidi dedicar este texto à senhora Lina Nicolau. Devo ter feito bem, já que, logo a ter decidido, me encontrei sorrindo sem quê nem para quê.)
Há momentos em que a minha vida pára, se aparta e vai passear. Fico eu. Assobio para o lado enquanto ela não volta.
Há vezes em que nem desejo que volte. Ela volta. Anda por aí como uma gata. Volta para se alimentar. Eu perdoo-lhe: sobreviver é uma espécie de cristianismo sem assembleia.
Esta tarde, quando esperava por ela, entretive-me a ver os prémios do jogo dos furos. O prémio principal era um relógio embutido numa máquina de costura castanha com uma águia vermelha por cima: o Tempo rapace, o costureiro Tempo. Havia uma pistola-isqueiro e um canhão-isqueiro, também. Havia um aquecedor eléctrico de café. Havia canivetes e cachimbos, curvos todos, marinheiros todos. Não joguei.
Depois, um ligeiro estremeção, uma frenologia, um arrepio medular: era ela de volta ao corpo que não joga mas sabe os prémios.
Caramulo, agora, tarde de 24 de Maio de 2006

4 comentários:

Anónimo disse...

"não joga mas sabe os prémios"... o difícil é não sorrir...

Anónimo disse...

pois, pois... a tua vida gata. Deslarga, destroce mazé... Cati-topo-teu-cavrão

Anónimo disse...

...zão

Anónimo disse...

Obrigada Daniel, por te lembrares.

Canzoada Assaltante