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Hermínio confessa a Delfim ignorar o numerado-exacto da terminação física de seu paterAvô. Pode que 1928. Pode que 1930. Exacto, só o do nascimento de tal homem: 1880. Tinha bicicleta. Parece que o quarto arrendado na Rua de Fora de Portas lhe servia de entreposto de descanso de entreturnos: era já casado, pai já, morava a quilómetros, precisava de dormir sem sonhos perniciosos – como, por bênção, também a Hermínio por vezes acontece: e na mesma exacta rua da mesma improvável Cidade. Uma espécie de coma lhe aturde & nubla o entendimento quanto a estas passagens. Corrige Hermínio: (d)existências. Cem anos volvidos sobre a rapariga de ananases ao ombro? Dois mil sobre o telemóvel do sul-coreano? Que há-de Hermínio fazer da maravilhosa titipipiuração melódica das aves matutinas? Assim há-de ele fazer:
Rumor de rosas voando a pão: da passarada.
A tristura dos sem-família pelas ruas encapuzada.
Certa pulsão-de-morte cada vez mais raciocinada.
Incerto frémito íntimo, assexuado, meio-por-tudo-&por-nada.
Pessoas às compras de última-hora por o fim-do-dia.
Munificência triste de cereais, bolachas, fiambres, saladas.
Uma mulher de chapéu, talvez quarentona, à francesa-boulevard.
Gente atrelada a cães de quarto-andar cagando passeios.
Depois de ao Islão, converter-se-á Cat Stevens ao Putin?
Continuarão as religiões a cuspir-nos no rosto?
A vida suicida-nos q.b. ou temos de mandar vir mais mac-food?
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