16/06/2022

H. EM BUSCA DELFIM - 10 (derradeiras 274 palavras)

© DA.


Sou da legendária inanidade de amores sem probação, só provação

Digo: Pedro & Inez, Isabel & Diniz, eu & certas gajas

Conheci um rapaz de Vila Franca de Xira que se heroinava

Era pai de uma filha, perdeu dela o fanal

Foi há dezassete anos que o conheci, mais não sei

Moral-da-história: mais não sabemos

(...)

Citando o cantor ultravoxeano: This means nothing to me

Se me dissessem – Senta-te & anda

Quero eu dizer: Escreve & escrevive & escrebebe

Não tenho puto feito outra coisa na puta-da-vida

Já não devo ir a tempo: são as 12h28m da quinta-14-do-4

Penso serem equilibrados estes versos, tremida embora a caligrafia

Trabalho, como yourcenariano Adriano, na pacificação de meu império

Nada me falta que se me haja prometido: dinheiro, amantes etc.

Invejo a presciência proustiana da morte própria-mesma

(Mas não sem antes acabar o Livro)

Vela-me porém ainda a vida respiratória

O mais triste é deitar-me sem boa-noite a quem desejar

Um corpo ao lado, um elefante deitado, a r(um)o(ro)sa presença de alheia respiração

Nada que ofenda os costumes, antes ser como os demais

Ter uma mulher, uma horta, outro tipo de quintas-feiras

Pôr os sefarditas a trabalhar na construção de bibliotecas laicas

Obrigar os sarracenos a tratar as mulheres como gente

Submeter os mórmones à leitura-crítica de estudos-camonianos

E pôr os budistas a trocar a escudela pela pintura na construção-civil

Os meus projectos passam todos pelo euromilhões

Nenhum outro milagre tipo pão-rosas me satisfaria

Dormirei um pouco ante a noite feita dia

(E sim, tenho tido & sofrido al várias infecções).

 


 

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Canzoada Assaltante