Abaixo o futuro!
O futuro é mais alguns passos, algumas ruas mais.
Nenhumas certezas, tirando a do declínio (a da declinação, portanto). Isto é certo e é comum e é global – porque o futuro é mais certo do que o passado.
Faz sorrir quase, escreviv’imaginar coisa assim na véspera nocturna de uma Terça-Feira de Carnaval mais.
Não causa pena, tal implacabilidade da Lei. É apenas humana, por conseguinte rosa irrisória. É como a calendarizada boa-vontade de cada Natal: nem pena nem ternura nem dor (peculiar) nem solidariedade.
Lê-se um dos clássicos russos, dedica-se o domingo à pesca fluvial, vai-se à igreja ouvir a monotonia de um homem castrado que se paramentou para beber vinho e comer farinha redonda em nome de um deus improvável como o euromilhões, fala-se de bola e de histórias de cornos e de dívidas.
À flor da terra, crescem como ténias as vias-rápidas dos sucateiros, as circunvalações dos boavisteiros, as veias alcatroadas onzeneiras que levam de sítio algum a nenhures.
Dos endividados, os apartamentos comportam mais margarina do que manteiga – por causa do preço da chuva e do do pão.
E o sal das bocas cresta o exílio do mel, que não o do mal.
No ano 2011 d.C., isto segue sendo assim em frente – e para baixo.
1 comentário:
O que é preciso é sal grosso, pá!
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