Harry Callahan
Detroit - 1943 - © Estate of Harry Callahan
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135. A MINHA LEONOR COMPLETA OS PRIMEIROS DEZASSETE ANOS DE VIDA
Pombal, sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010
Às 13h04m, a minha Leonor completa os primeiros dezassete anos da vida dela.
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Recitações de Uma Breve Carta para um Longo Adeus, de Peter Handke:
- (…) com o falar desaparecia o lado sério das coisas.
- (…) e no entanto este dia passou tão depressa como os dias nos filmes de vampiros.
- (…) ele queria ultrapassar a natureza, para se tornar, como observador, mais interessante do que ela.
- (…) porque sabia tão pouco de si próprio, que a verdadeira natureza não lhe dizia nada.
- (…) e como também a fantasia era insuficiente, juntava a todas as coisas pormenores especiais, como se fosse um edital da polícia. Estes sinais especiais substituíam paisagens completas, relações entre as coisas, destinos.
- (…) enquanto em voz baixa fazia lembrar aos embriagados o seu estado, o que podiam ser e o que tinham esquecido (…)
- (…) O que foi na realidade? De que é que se tratava? Que tristeza? Então não estava tudo acabado? Não queria pensar nisso agora, só sabia que tinha de partir em breve.
- (…) “Estou completamente separado da vida”, disse-nos ele mais tarde no bar do seu hotel. “Ela só me surge como termo de comparação para os meus estados de espírito. (…) Actividades do dia-a-dia, como, por exemplo, pôr o chapéu, andar nas escadas rolantes ou comer um ovo quente, eu já não tenho consciência delas, elas corporizam mais tarde, em metáforas, a minha situação actual.”
- (…) Sozinho consigo mesmo, sentia-me a mais.
- (…) Aproximei-me de todas as coisas possíveis e perdia logo o interesse quando estava perto das coisas.
- (…) Seria esta estranha piedade um sinal de que eu me podia envolver nas coisas mas não nas pessoas?
- (…) Tinha de haver uma relação qualquer com alguém, que não fosse apenas pessoa, fortuita e única, em que a pessoa não pertencesse ao outro devido a um amor forçado e mentiroso, mas uma relação bem mais necessária e impessoal.
- (…) Perdi-me ao contemplar a fatia de limão que estava na borda do copo. Depois fez-se noite de repente. Indeciso, andei pela rua, atravessei para o outro lado, voltei para o mesmo lado.
- (…) eu mexia-me no elemento estranho como nos pensamentos de outra pessoa.
- (…) “E se sonhamos, esquecemo-nos. Falamos sobre tudo, por isso não fica nada para sonhar.
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