130. ALGUM AS LINHAS ’INDA
Coimbra, quinta-feira, 9 de Dezembro de 2010
Sou aquele gajo acolá e por ali, o do casaco preto comprido. É pelo entardenoitecer. Regressa do centro de formação, caminha pela álea alcatroada. Atravessa pela passadeira, segue pela margem esquerda. Assiste, já perto do centro comercial, à fauna estética das mulheres. Que bonitos animais – redescobre ele. Uma árvore (de que desconhece o nome) de folhas vermelhas: um incêndio vegetal de grande lentidão. O vento demanda corredores, relança e dança as cabeleiras humanas. O casaco preto acolhe-se à galeria, a cabeça em cima engendra a música que pode entre a solidão comercial dos lojistas sem fregueses. Atendada a noite, solta-se o vento. É forte, zune nos cabos altos. Uiva à lua dele. E ele pede a um livro que o ajude a não pensar. E ele entende que são linhas: diz: as ruas, as pessoas, as árvores tocando o céu: e que o céu é não haver linhas.
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