Vi o homem
o fato escuro deste homem é uma máquina magoada, viril
eu era muito novo e o vento também vinha de lado como eu
reparei nele pela mesma sem-razão de nascermos
usava chapéu como usava os olhos: coisas de mais.
Cambaleava com as mãos
condição de gaivota ou
de homem dado à tristeza vitalícia do álcool.
Todo o dia toda a vida espero
toda a vida isto
estes pássaros
oblíquos pássaros negros
estes riscos.
Vem o domingo
morro em casa
chegando a noite
por noites de areia
e bosques de litografia
eu chegaria.
Devo estar a envelhecer porque sinceramente
tenho já menos certezas do que móveis
(lojas de móveis na noite parecem-me casas de que fugiu
gente)
o coração exposto aos lobos da velhice florestal
sem nada que dizer
ao futuro.
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