Viseu, fim da manhã de 2 de Agosto de 2008
Com a minha senhora
fui esta manhã ao campo-santo da mesma cidade
onde compramos coisas e cujo ar respiramos.
Era num sábado chamado hoje e 2 e Agosto e 2008.
Humilde é a altivez dos nomes que dormem
por estes dias ao sol na terra ardida.
Aqui, Filipe, ainda belo, p’ra sempre jovem;
ali Antónia, a mesma morte em outra vida.
Canteiros correm o cru acampamento,
linhas de sombra fria são quási claras.
Já tudo é agora (a)o mesmo tempo:
Raúis, Inêses, Rodrigos, Claras.
O belo anjo alto ao fundo céu
esquece, em prol da terra que vigia.
Jamais daqui saiu quem cá entrou
dormindo já a morte que vivia.
Bela tristeza da triste beleza
que um nome a outro junta para ler.
Todas estas sombras, outrora, à mesa,
serviram pão e água de beber.
Hoje ao sol dormem. Amanhã,
a noite lhes será tão matutina
(olha, ali Afonso, além Cristina)
quão nocturna nos é esta manhã.
Altiva humildade nomeada
é do vivente campo a morte ardida.
Isto é uma passagem passajada
a pontos que costura a mesma vida.
À saída do campo, a cidade
em sono ambula vias assombrosas:
e a mentira da vida, na verdade,
não vale sequer o limpo par de rosas
de plástico deixado a Joaquina
dos Anjos Pereira Cunha e Perdigão,
santinha a quem a escarlatina
esvaziou olhar e coração.
(Já entramos no hiper a comprar frango,
poema quase feito, fotos tiradas.
Os grandes tudos são sempre um tango
e fandango são os pequenos nadas.
Digo à mulher: Antónia, que é preciso?
Diz ela qu’ é manteiga, pão e vinho.
Sou belo, é bela ela e eu, sozinho,
filipo para dentro o meu sorriso.)
por estes dias ao sol na terra ardida.
Aqui, Filipe, ainda belo, p’ra sempre jovem;
ali Antónia, a mesma morte em outra vida.
Canteiros correm o cru acampamento,
linhas de sombra fria são quási claras.
Já tudo é agora (a)o mesmo tempo:
Raúis, Inêses, Rodrigos, Claras.
O belo anjo alto ao fundo céu
esquece, em prol da terra que vigia.
Jamais daqui saiu quem cá entrou
dormindo já a morte que vivia.
Bela tristeza da triste beleza
que um nome a outro junta para ler.
Todas estas sombras, outrora, à mesa,
serviram pão e água de beber.
Hoje ao sol dormem. Amanhã,
a noite lhes será tão matutina
(olha, ali Afonso, além Cristina)
quão nocturna nos é esta manhã.
Altiva humildade nomeada
é do vivente campo a morte ardida.
Isto é uma passagem passajada
a pontos que costura a mesma vida.
À saída do campo, a cidade
em sono ambula vias assombrosas:
e a mentira da vida, na verdade,
não vale sequer o limpo par de rosas
de plástico deixado a Joaquina
dos Anjos Pereira Cunha e Perdigão,
santinha a quem a escarlatina
esvaziou olhar e coração.
(Já entramos no hiper a comprar frango,
poema quase feito, fotos tiradas.
Os grandes tudos são sempre um tango
e fandango são os pequenos nadas.
Digo à mulher: Antónia, que é preciso?
Diz ela qu’ é manteiga, pão e vinho.
Sou belo, é bela ela e eu, sozinho,
filipo para dentro o meu sorriso.)
1 comentário:
quem dera tal espírito. mas à procura...fiquem bem.
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