Todos los años, los miembros de una logia triste y amable se reúnen para compartir sus descubrimientos sobre la obra de ese poeta que exploró la tristeza como pocos y que hoy, setenta años después de su muerte, les permite sobrellevar la propia.
A citação foi recortada de um texto preciosíssimo (Voces en el Jardin) de Juan Forn. O poeta em questão é Fernando Pessoa. O tal grupo quase-secreto que, uma vez por ano, se fecha numa casa para falar exclusivamente de Álvaro de Campos & (muita) Companhia, também é cultor do consumo de vinho verde. Parecem saber quase tudo sobre Pessoa, incluindo o projecto de sobrescritos já com papel de carta, o (des)encontro com o aldrabão do Aleister Crowley (o falso suicida da Boca do Inferno), a teoria comercial, o estranha-se/entranha-se do slogan para a Coca-Cola, sei lá eu.
Quer-se dizer: ando feliz. Descobri um sítio argentino que é um tesouro. Está no título: http://bibliotecaignoria.blogspot.com/. Agora, ando derretido de todo a ler as dez páginas Una Imagen de Proust, belíssima evocação crítica do génio autor de À la Recherche du Temps Perdu. Quem já tiver tido a boa ideia e melhor sorte de ter lido os capitosos volumes da Recherche, perceberá bem o meu êxtase e o meu derretimento. Só um detalhezinho: (...) todas las grandes obras de la literatura fundan un género o lo deshacen (...).
Tudo o que interessa quanto à criação da beleza e à beleza da criação, lá está.
Julio Cortázar em video na televisão espanhola (1977) ou numa rua de Paris falando sobre o Tempo. Ou um pequeno filme muitíssimo bem feito sobre um texto cortazariano (Oxolotl).
Textos, filmes, música? Yes, yes, yes.
A pior cantora lírica do mundo (Florence Foster Jenkins) lá está, arruinando a Rainha da Noite d' A Flauta Mágica de Mozart. Depois dela, Callas. E Janis Joplin. E Sábato. E Faulkner. E Lowry. E Dylan Thomas, carago! E Chet Baker em palco com Elvis Costello! Carago, carago, carago! Quem é amigo, quem é?
Alegria! Alegria! Alegria!
Até o fabuloso pianista Glenn Gould (sim, o mesmo que Thomas Bernhard evoca em O Náufrago, salvo erro) está em filme a tocar com uma orquestra regida por Leonard Bernstein.
E pintura com fartura. E muitas outras coisas.
Registem lá: http://bibliotecaignoria.blogspot.com/. Vou pô-lo nos meus links.
(Nota: naturalmente, este sítio argentino não é próprio para os praticantes da egofonia. É só para a gente simples que não rouba, não usurpa, não mente e não dá cabo do nome à própria mãe, em caso de tê-la.)
3 comentários:
buenos dias, daniel, estava deixar-lhe um comentàrio na rosnadela de ontem, e plouf, tudo desapareceu...assim vim de orelha baixa e zàs catrapàs vejo o amigo Pessoa a descer o Chiado, com este seu ar triste...mas fiquei com a certeza de que ia ficar feliz abrindo o blog argentino.
como sou tenaz vou tentar ir rosnar direito, atrazada.
POsso deixar um poema do Gamoneda?
"vi a alma do cavalo, a sua dentadura no orvalho.
Hà um cavalo dentro dos meus olhos
e é o pai dos que depois aprenderam a chorar. Agora alguém pisa os meus sonhos.
Recordo que as serpentes passavam suavemente sobre o meu coraçao"
Ardem las perdidas, antonio gamoneda, quasi.
Leu " O livro do frio "?
Fica para depois entao,
um abraço de paris.
Quanta gentileza, L. Je vous remercie.
Apeteceu-me uma referência, só porque estava a passar no leitor: "Geni e o Zepelin", do Chico Buarque. Uma lição de amor(es), em tantas dimensões. Um pérola musical, entre tantas do Chico...
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