Receio bem que o todo deste livro seja inferior à soma das suas partes. Dito isto, vamos por partes.
A parte inicial chama-se Licor, Sabão e Sapatos. É uma colecção de histórias, não mais do que isso. Alguns dos textos foram já publicados no Cronicão, em 2003. Outros viram a luz na internet e outros, ainda, em partes outras. Não são histórias da minha vida, mas histórias que a minha vida deu. É diferente, embora não seja importante. Como curiosidade, sublinho apenas que a personagem de uma das histórias se chama Camilo Ardenas. O texto nada tem a ver com um meu próximo livro, mas a figura tem: assim se chama o tipo central de um romance que ando alinhavando num universo paralelo a este(s).
A parte seguinte chama-se O Cedro e a Lua. É coisa completamente diferente no meio de tudo o que já escrevi até hoje, publicado ou não. Esse texto, sim, devo-o àquela dimensão da vida a que se chama “(auto)biografia”. Como O Cedro e a Lua tem nota prévia própria, mais aqui não adianto.
Segue-se Uma Quinta ao Fundo com Cavalos. É uma narrativa em onze momentos. Teve origem numa fotografia de 1967. Estamos a minha irmã e eu. Ela tem 23 anos. Eu tenho três. Ao fundo, onde ainda hoje é a tal quinta, já não há cavalos.
Depois, vem uma coisa talvez imperdoável. Armei-me em dramaturgo e, em coisa de duas semanas, escrevi uma peça de teatro. Chama-se O Último Dia. Espero ser perdoado por este texto, que eu tenho já perdoado também muita coisa a muita gente.
Em penúltimo lugar na estrutura deste volume, está Gente do Touro de Ouro. Tal como Cronicão e o texto final, foi publicado em 2003 em edição de autor de curta circulação. Trata-se de uma narrativa-espelho. Quero dizer: é composto de duas partes com exactos 25 parágrafos cada. Como então referi na contracapa desse livro justamente esquecido, “o primeiro parágrafo da primeira parte haverá de reflectir-se no primeiro parágrafo da segunda parte. E assim sucessivamente, até 25. O leitor experimente ver se a reflexão (essa palavra de espelho que pensa) resultou ou não”.
O texto final chama-se Noite de Homens-Cantores. Publicado em conjunto com o Cronicão e a Gente do Touro de Ouro, foi vivido e escrito no Inverno de 1998. É um texto que alia a prosa ao verso numa espécie de entrecho dramatúrgico.
Posto isto, resta tão-só o derradeiro sacrifício: a leitura propriamente dita. É minha esperança que, ao leitor, tal sacrifício resulte benigno.
Caramulo, 7 de Fevereiro de 2007
Notas:
1 - Os lançamentos do livro terão lugar, de certeza, em Pombal e Coimbra; talvez também em Leiria e Viseu. Quando tiver datas e sítios marcados, aqui vos darei conta.
2- Mais informações podem ser pedidas à editora por correio electrónico (info@imagenseletras.pt) ou correio de papel (Imagens & Letras), Rua D. Carlos I, nº 2, 2405-415 LEIRIA. O senhor Fernando Mendes é a pessoa indicada.
3 comentários:
Boas notícias, portanto, para quem se deliciou com o "Preço da Chuva" e se delicia lendo este blogue. Um livro composto por várias "partes desiguais"? Um "livro Frankenstein" - estou a brincar... Abra-se, então, o livro.
Livro-Frankenstein? Está bem visto, sim senhor: é isso tudo, de facto.
Gosto de te ler
e principalmente do desafio que colocas em cada palavra.
Que ninguém, que eu goste, as sabe tão vivas como tu, as palavras.
Espero pelas novidades deste livro com entusiasmo.
Um abraço e boa semana Daniel.
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