A fluidez das partes previne a Totalidade.
Interdita-no-la, de facto.
Não há Todo: não há Um: não há Deus.
Somos limitados, não em relação à Totalidade,
mas às mesmas partes: (uni)versos residuais
– tudo o que podemos.
Os noivos na igrejinha da aldeia,
no viso do calor.
Ele de azul-ferrete.
Ela de branco-vitelino,
gema anémica
dada a eidetismos
e com um historial
de homens casados.
O crepúsculo de hoje não confirmou a bondade do dia.
Pôs-se um frio ósseo, desse gelo que vem de dentro.
O casaco e a camisola trabalham-me como podem.
Mas a estreia de Upstairs, Downstairs é de 1971.
E a Sagração da Primavera, de Stravinsky,
foi coreografada por Diaghilev, dirigida por Pierre Monteux
e interpretada por Nijinsky, em Paris, a 23 de Maio de 1913.
Que meteorologia seria a desse dia,
essa noite, em Paris?
Sim, já percebeste:
não há História,
só histórias.
Não, não abrasileires para “estórias”:
é história, são histórias.
Ou eidetismos.
206 ossos do corpo humano:
nem numerando totalizamos.
A própria fragmentariedade dos poemas
tal indic(i)a.
Já não é possível ir apenas ouvir fados.
O absurdo é que realiza o real.
Como nos escapa a eternidade de um fósforo?
São-nos, os olhares, lanternas:
recantos, resíduos, ropografias, remanescências e
reminiscências – recorprojectamos.
A rapariga de vestido azul no Verão do comboio.
O mar vertical do deitado na areia.
A selvajaria que cada cobardia é.
A genialidade dos zagalotes.
E a dos sacerdotes-iscariotes.
As massas geológicas do escrito.
Entre as logias, bem mais a geo
do que a antropo.
A sedimentação
(a senilidade, enfim, mas, antes,
a luz).
O estabelecimento de víveres salgados.
O lusco-fusco dos hospitais à noite.
A luz emanando vapor
e insectos de espontânea geração
contra Jöel de Rosnay.
Coçar as partes é preciso.
A oração não é precisa.
Entendo o susto católico,
esse controlo-remoto das almas,
o investimento na estupidez
e na judio-fiduciaria.
Entendo isso tudo.
Disso se tem e entretém a autarquia,
superstição nutritiva da democracia.
Ou a merda empreiteira
do golo e do tijolo.
Não, não se ama tudo.
Vamos por partes.
Mais me sabes que te sei.
Ou do que me te.
A lareira de Teixeira de Pascoaes
brunida a fraga e a Lucrécia.
Tom Joad vendo a queimarosene das laranjas,
antes do Big Deal.
Mishima e o homo-fascismo.
Yourcenar no Maine.
Nada nisto nem ninguém conta para total.
A vida não é o euromilhões.
É só totoloto.
O cu de Pasolini, o cu de Federico.
Nada é total: eu estou, mas não fico.
Interdita-no-la, de facto.
Não há Todo: não há Um: não há Deus.
Somos limitados, não em relação à Totalidade,
mas às mesmas partes: (uni)versos residuais
– tudo o que podemos.
Os noivos na igrejinha da aldeia,
no viso do calor.
Ele de azul-ferrete.
Ela de branco-vitelino,
gema anémica
dada a eidetismos
e com um historial
de homens casados.
O crepúsculo de hoje não confirmou a bondade do dia.
Pôs-se um frio ósseo, desse gelo que vem de dentro.
O casaco e a camisola trabalham-me como podem.
Mas a estreia de Upstairs, Downstairs é de 1971.
E a Sagração da Primavera, de Stravinsky,
foi coreografada por Diaghilev, dirigida por Pierre Monteux
e interpretada por Nijinsky, em Paris, a 23 de Maio de 1913.
Que meteorologia seria a desse dia,
essa noite, em Paris?
Sim, já percebeste:
não há História,
só histórias.
Não, não abrasileires para “estórias”:
é história, são histórias.
Ou eidetismos.
206 ossos do corpo humano:
nem numerando totalizamos.
A própria fragmentariedade dos poemas
tal indic(i)a.
Já não é possível ir apenas ouvir fados.
O absurdo é que realiza o real.
Como nos escapa a eternidade de um fósforo?
São-nos, os olhares, lanternas:
recantos, resíduos, ropografias, remanescências e
reminiscências – recorprojectamos.
A rapariga de vestido azul no Verão do comboio.
O mar vertical do deitado na areia.
A selvajaria que cada cobardia é.
A genialidade dos zagalotes.
E a dos sacerdotes-iscariotes.
As massas geológicas do escrito.
Entre as logias, bem mais a geo
do que a antropo.
A sedimentação
(a senilidade, enfim, mas, antes,
a luz).
O estabelecimento de víveres salgados.
O lusco-fusco dos hospitais à noite.
A luz emanando vapor
e insectos de espontânea geração
contra Jöel de Rosnay.
Coçar as partes é preciso.
A oração não é precisa.
Entendo o susto católico,
esse controlo-remoto das almas,
o investimento na estupidez
e na judio-fiduciaria.
Entendo isso tudo.
Disso se tem e entretém a autarquia,
superstição nutritiva da democracia.
Ou a merda empreiteira
do golo e do tijolo.
Não, não se ama tudo.
Vamos por partes.
Mais me sabes que te sei.
Ou do que me te.
A lareira de Teixeira de Pascoaes
brunida a fraga e a Lucrécia.
Tom Joad vendo a queimarosene das laranjas,
antes do Big Deal.
Mishima e o homo-fascismo.
Yourcenar no Maine.
Nada nisto nem ninguém conta para total.
A vida não é o euromilhões.
É só totoloto.
O cu de Pasolini, o cu de Federico.
Nada é total: eu estou, mas não fico.
Texto e foto:
Caramulo,
entardenoitecer de 16 de Março de 2007
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