posta sobre a almofada
sem um olhar que a esconda
só a cabeça mais nada
Mai’ nada não não falo bem
em baixo a garganta clara
carne de leite da mãe
também de filha mais rara
Assim vi de cima a ti
manchar a fímbria de linho
numa noite em que chovi
chovi um choro baixinho
Duas orelhitas de prata
cabelo entristecido
quanto se ama se mata
fica o crim’ acontecido
Depois vei’ a pura glória
dois olhos o peito tinha
contavam a minha história
registei a ladainha
Isso foi ‘ma sexta-feira
doutr’ inverno doutra vida
ao lume tod’ a madeira
ced’ ou tarde acab’ ardida
Lá pr’ò sul os pés duplicados
vão dois a dois camurçar
medos e dedos não contados
tenho eu de os contar
Trem’ o creme nada ain-
da nunc’ eu vi tão lind’ assim
uma noite só p’ra mim
diz-me não qu’ eu digo sim
Podi’ eu ser outro homem
ter uma outra mulher
era preciso ser jovem
não querer quem nos não quer
Era precis’ outr’ idade
outra rima entretanto
entre tantas na cidade
mais de trint’ a cada canto
Mas isso não sobr’ almofada
pur’ ideia pura glória
cont’ outra vez a minha história
a minha história e mai’ nada:
Duas orelhitas de prata
cabelo entristecido
quanto se ama se mata
fica o crim’ acontecido.
Seia, tarde de 19 de Outubro de 2006
2 comentários:
Amor sem paixão não é verdadeiro amor.
Já conhecia
Enviar um comentário