06/11/2006

25 de Novembro – Quase 32 Anos Depois

Homens e mulheres debandam a noite.
Cada um por si, esfaqueados todos pelo que chove.
O comércio não tem vergonha, faz a ignição do natal em novembro.
Resistem as luzes altas da beira-rio, ao colo do vento resistem como
duras, cegas laranjas.
O rio é uma veia negra.
A publicidade urbana tem clarões de lingerie.
Um autocarro bale pela rua como um ruminante.
Um carro da polícia, depois um táxi.
Onde é a feira dos ciganos, caixas de cartão e sacos de plástico,
cascas de maçã.
Uma cabeça de gato pontua um vão em ruínas.
Adolescentes derrubaram para nada um contentor de lixo.
Nem meninas-da-noite, nem pela Rodoviária.
O parque é um pano preto.
O táxi encosta, o carro da polícia segue,
como um pirilampo pesado.



Caramulo, noite de domingo, 5 de Novembro de 2006

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Canzoada Assaltante