Os telejornais, vazios e partidos como cascas de que se retirou o ovo cozido, desfilam cidadãos anónimos quási nus nas praias do País.
Inveja minha, que cresto ao sol da serrania como um pastor sem gado.
Até na tv gosto do mar: aquele relógio líquido feito espaço, redançador das infinitas areias da ampulheta infinita.
Os que podem e sabem, vão para o litoral.
Ainda existe, o litoral.
Apesar de tudo o que lhe (des)fazem, ainda existe.
Resta-me imaginar a cutelaria do vento marinho, as gaivotas apitando nos ares como amola-tesouras ricos, o iodo respiratório, as criancinhas trôpegas de liberdade como pinguins só brancos, o homem dos gelados aparentemente perpétuo de luz e dedos pegajosos.
Fico na serra.
Foto: Baleal, Peniche, 2004, Catarina/Fernando H..
Texto: Tondela, tarde de 1 de Agosto de 2005
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