Antes de ir e chegar a Cabo Verde, eu já lá tinha estado. E foi em Lisboa que lá estive e fui.
Foi no Inverno de 1995. Levaram-me ao B. Leza, território civil das lisboetas ruas de S. Paulo e Conde Barão. Já então, eu tinha tão pouco dinheiro, que os pássaros deixavam de cantar à minha passagem. E olhai que eu passava muito. Bom, mas então era 1995 e invernava. Fui levado por gente amiga ao B. Leza. Lá dentro, a escuridão era apenas a outra forma que a luz usava para mostrar o caminho. Hoje é ao contrário para mim.
Fui de imediato capturado e sequestrado pela viva música ao vivo. No palco, o senhor Paulinho Vieira, aranha de mulata carnação e escuros óculos, tecia a teia mortal da poesia sonora. À guitarra ou ao teclado, Paulinho dirigia a orquestra, que, afro, arfava. Tudo era mornidão e morenidão. Exaltava-se o que exultava: o corpo, território do homem, colónia da mulher.
Voltei a esse Cabo Verde lisboeta algumas vezes. Foi no B. Leza que vi e ouvi Maria Alice, Dani Silva, Tito Paris. Foi no B. Leza que o duo Angola-Brasil me deu um concerto que não posso esquecer nem esqueço. Anónimos eram os dançarinos na pista. Mas, também, quem assim dança não precisa de nome.
Escrevendo isto, estou de volta a Cabo Verde em Lisboa. Dez anos passaram. Ou talvez não. Talvez não tenham passado nada dez anos. Talvez eu seja dez anos mais novo do que a mão que escreve. Se assim for, estou mesmo de volta. Então, na clara escuridão, Paulinho, de boné e botas altas, sugere o paraíso terreal, esse a que temos todos direito quando, apesar do pouco dinheiro, usamos muito coração. E depois?
Ora, depois é Dani. Ou Tito. Ou Maria Alice. Pássaros que cantam sempre para mim, mesmo por dinheiro nenhum.
(Escrito para o sítio na net: www.liberal-caboverde.com
Foi no Inverno de 1995. Levaram-me ao B. Leza, território civil das lisboetas ruas de S. Paulo e Conde Barão. Já então, eu tinha tão pouco dinheiro, que os pássaros deixavam de cantar à minha passagem. E olhai que eu passava muito. Bom, mas então era 1995 e invernava. Fui levado por gente amiga ao B. Leza. Lá dentro, a escuridão era apenas a outra forma que a luz usava para mostrar o caminho. Hoje é ao contrário para mim.
Fui de imediato capturado e sequestrado pela viva música ao vivo. No palco, o senhor Paulinho Vieira, aranha de mulata carnação e escuros óculos, tecia a teia mortal da poesia sonora. À guitarra ou ao teclado, Paulinho dirigia a orquestra, que, afro, arfava. Tudo era mornidão e morenidão. Exaltava-se o que exultava: o corpo, território do homem, colónia da mulher.
Voltei a esse Cabo Verde lisboeta algumas vezes. Foi no B. Leza que vi e ouvi Maria Alice, Dani Silva, Tito Paris. Foi no B. Leza que o duo Angola-Brasil me deu um concerto que não posso esquecer nem esqueço. Anónimos eram os dançarinos na pista. Mas, também, quem assim dança não precisa de nome.
Escrevendo isto, estou de volta a Cabo Verde em Lisboa. Dez anos passaram. Ou talvez não. Talvez não tenham passado nada dez anos. Talvez eu seja dez anos mais novo do que a mão que escreve. Se assim for, estou mesmo de volta. Então, na clara escuridão, Paulinho, de boné e botas altas, sugere o paraíso terreal, esse a que temos todos direito quando, apesar do pouco dinheiro, usamos muito coração. E depois?
Ora, depois é Dani. Ou Tito. Ou Maria Alice. Pássaros que cantam sempre para mim, mesmo por dinheiro nenhum.
(Escrito para o sítio na net: www.liberal-caboverde.com
na tarde de 4 de Agosto de 2005, em Tondela.)
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