29/11/2021

PARNADA IDEMUNO - 840 a 842

 

840

Sexta-feira
26 de Novembro de 2021

Ainda em-dizer se agita a vida
Ainda alguma coisa acorda em frente
Em lucidez de espelho não é fácil
Descuidar a ideia pessimista.

Ao cabo de trabalhos outros surgem
Cuidamos de não ouvir quem nos fala
Tem-me surgido muita coisa dessa
Mas repugna-me tal fantasia alheia.

Jeremias (de Aveiro) faz convite
ao irmão de Alberto para almoço.
Este leva o filho ao ágape,

em cenáculo se almoça o bom leitão.
Ainda o lembrar se faz re-vida:
isto foi em 70 ou 71.

841

Discreto, intimamente lavado,
discurso sem abrir a minha boca.
Nem de perto sou vil ou celerado,
mas p’ra ser boa acho a vida pouca.

Se o burro dá o coice, quem lhe corta-
rá a pata de vez sem mais remédio?
O pandorga-ricaço sente tédio
na estação a que (mal) ele chama morta.

Eu sou do tempo em que (ai!) nos volvemos
mecanográficos sem al rodapé.
Todos enfim por fim nos submetemos

à jurídica ordem do anti-Caos.
Não quer dizer que sejamos todos maus:
é mau quem é mau, seja bom quem o é.

842

Maria, não incomodes as gentes
que Maria não são nem p’ra tal andam.
José, tu gere as tuas aguardentes.
Ramiro, já os clientes desandam.

Tiquitas, arruma os teus brinquedos.
Noquitas, a teus brinquedos arruma.
Cada pessoa-em-si é mais do que uma:
tudo vai d’esperanças & de medos.

Tenho por certa a felicidade?
Sou tonto contumaz & bem relapso.
Tenho aberta a porta da Cidade?

Sou falível, desculpai-me o lapso.
Maria, não incomodes as gentes.
José, tu gere as tuas aguardentes.

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Canzoada Assaltante