27/11/2021

PARNADA IDEMUNO - 839

© DA.



839

Segunda, terça & quarta-feira
22, 23 & 24 de Novembro de 2021



Alguma expressão clara como Junho ainda encanta
Pode acontecer seres tu a abrir o baile, inaugurar o ponche
Cada vez menos segredos, é triste mas vero
Sim, menos deslumbramento, mais tácita conformação
Sim, Humberto, ora diz
Sou Humberto, filho do casal Roderico/Urraca, exerço serralharia
Sim, Natalina, ora diz
Sou Natalina, fruto de se amarem Vera & Ezequiel, faço bordados
Sim, Fernando, ora diz
Sou & não sou & sou além, Lisboa enegrece a brancos visto, largo amarras
Sim, Cristina, ora diz
Prefiro guardar-me, até o nome uso velar, não é para mim mas comigo.

Apesar do multíssono caos tecnocoiso, ainda há saída
Pode acontecer que um de nós se inscreva em canto-coral ou costura
Ainda pelo entardenoitecer o sino é dolente aos campos
Vão porém rareando seus auditores, o barulho é muito, incessa
Sim, Germano, ora diz
Vou às compras, venho das compras, sou invisível como os domingos, estou bem
Sim, Marta, ora diz
Não era este o homem minha sombra, não serei jamais luz a seus olhos
Sim, Túlio, ora diz
Tretas & patranhas, meus senhores, xarope de pau-de-marmeleiro, meninas
Sim, Elisabete, ora diz
Tenho açoteia, tenho sol na açoteia, o meu gato é o meu príncipe.

Sou Daniel, filho de Daniel, filho de Hermínia
Recordo-os como a livros que me leram
Genética & afeição jogam-me em transverso
Componho a conta-corrente da identidade
Sim, Beatriz, ora diz
Conheci o teu Pai através do meu, foi logo a seguir ao 25-de-Abril
Sim, Feliciano, ora diz
A tua Mãe & a minha eram conhecidas, partilhavam receitas
Sim, Amélia, ora diz
Não tenho ido a ver-me no mar, passa-se demasiado tempo adiando
Sim, Luís, ora diz
Tenho o carro na oficina, a viola no saco, um mau diagnóstico pulmonar.

E na confusão? E em desordem? E em carência? E em retrospectiva?
Cada um(a) ambula em mato emaranhado, o caminho manda
E se por amor? E se por rancor? E em perda? E em resgate?
Cada um(a) bate a cabeça na parede que se lhe impõe
Sim, Cristiana, ora diz
Nada me adianta recolar cacos de jarra sem flor nem lembrança de chão
Sim, Trajano, ora diz
Vêm os ratos por derradeiros, trepam, fornicam, mais estragam que aproveitam
Sim, Décia, ora diz
Os meus filhos são os meus filhos, eu sou deles a que chamo meus
Sim, Diniz, ora diz
Costumo pelo entardenoitecer sentir-me feliz sem justificação nem endereço.

Permanecem fragmentos de um tempo já de si arqueológico à nascença
Resistem tais cacos à duração inclemente como à transigente dissipação
Basta sair à rua, ver como dos prédios a sombra se faz chã(o)
E compreendê-lo ajuda, estranhamente ajuda, à aceitação viril
Sim, Codorniz, ora diz
Olho rapidamente, água & terra equivalem-se-me, é furtivo o furão
Sim, Leão, ora diz
Um tempo maduro, patronímico, patriarcal, antecessor da podridão
Sim, Sardinha, ora diz
Veio único, estranheza única, infinito estupor ante a rede prometida
Sim, Morcego, ora diz
Lua & radar, milhões de insectos, fama injustificada, infância também.

Não era isto, ou para isto, a infância? Não obrigava
Os nomes dos animais mais amados, como pacificá-los no coração envelhecido?
Eram tais nomes o rol essencial acima de desperdícios?
Sim, podemos finalmente vozeá-lo, sim, eles sim nomenclatura superior
Sim, Canino, ora diz
Quero correr contigo pelo monte, urdirmos companhia, cheirarmos a espargos
Sim, Juninha, ora diz
Eu era perdida & tu salvaste-me, tu perdeste-te & eu não me salvei
Sim, Cachopo, ora diz
Falaremos a cada dia primeiro de cada Novembro até o fim para sempre
Sim, Nino, ora diz
Estou pronto para ti, os meus dias & os teus casam-se hoje todos.

E poetas a que chamamos nossos de uma a que chamamos nossa portugalidade?
Sim, também eles, por vício de claridade, assombram os domingos da eternidade
E os músicos que reordenaram a Natura em matemática audível?
Sim, muito, eles começam & neles acabamos acabando, canoras eras
Sim, Johann, ora diz
Assim procedi & assim fiz
Sim, Seixas, ora diz
Certo barroco é pleno & feliz
Sim, Astor, ora diz
Buenos Aires, Londres, Viena, Paris
Sim, Zeca, ora diz
Aumentei o meu País.

O senhor apontou-nos Ruy Belo & António Osório. Desenvolva, sff
Muito bem: Poetas Maiores, nascidos ambos no A.D. 1933. Belo morreu novo.
Queremos saber: são ambos companhia sua recorrente?
Recorrentíssima: Belo desde & para sempre; Osório, tal qual
Sim, Ruy, ora diz
Morro aos 45 anos de idade, estou sozinho em casa
Sim, António, ora diz
Reencontro a senhora minha Mãe, em Italiano nos beijamos
Sim, Sophia, ora diz
Julgo ter fundido Algarve & Grécia
Sim, Agustina, ora diz
Eu cá gosto é de aforismos a torto & a direito, por tudo & por nada.

Casalito beijoqueiro
Face à fonte luminosa
Momento belo & fagueiro
Maravilha maviosa
Sim, Filha L., ora diz
Tonal, atonal, outonal, etc. & tal
Sim, Filha T., ora diz
Gosto de gomas, gosto de gatos da cor-do-sol
Sim, Pai D., ora diga o senhor
Tenho frio
Sim, Mãe H., ora diga a senhora
Gosto de tudo o que goste de viver.

Linguagem-poética & linguagem-quotidiana são outros-25-tostões
Ambas todavia se irmanam na volitiva ânsia da iluminação pensante
Tanto precisamos da redondilha quanto da couve-com-broa
A diferença é de somenos, já o não sendo tanto a irmandade
Sim, Calimero, ora diz
Tenho chorado muito a neve que outrora me queima amanhã
Sim, Pateta, ora diz
Ao meu pai Walt não agradavam judiarias
Sim, Tintin, ora diz
Tenho um canídeo de andrógino nome
Sim, Patinhas, ora diz
À judiaria não agrada o meu pai Walt.

Diga-nos ora um nome que, não sendo de Poeta, lhe seja poético
Digo: Joaquim Fevereiro da Ribeira
Diga-nos ora um outro nome que, idem, idem
Digo: Ernesto Santos Lucas
Sim, Joaquim, ora diga o senhor
Sou cerúleo olhando, é minha a inocência, usei couro negro sobre mota
Sim, Né, ora diz
O meu neto há-de ter de meu apelido nome-próprio
Sim, Professor Jacinto do Prado Coelho, ora diga
Há unidade & há diversidade em Fernando Pessoa
Sim, Álvaro de Campos, ora diga o senhor engenheiro
Diga aí ao Jacinto que uma coisa só não é mil se não souber contar.

O senhor escreveu: Alguma expressão clara como Junho ainda encanta
Sim, deveras escrevi que Alguma expressão clara como Junho ainda encanta
Por que escreveu o senhor que Alguma expressão clara como Junho ainda encanta?
Foi coisa que me ocorreu sem dela me ter lembrado, chama-se versalhada
Sim, Sporting, ora diz
Uma multidão comemora em força atlética certa pertença
Sim, Belenenses, ora diz
O senhor Almirante Américo Thomaz é cá dos nossos
Sim, União de Coimbra, ora diz
Coimbra não é só Universidade, q’ele há quem trabalhe
Sim, União de Tomar, ora diz
Tivemos o Simões & o Eusébio, o resto é de quem (n)os apanhar.

A Cidade é individual, sim & afinal
Ela corresponde por sinaléticas ao Nascido-Nada, há que saber ouvir-&-ver
De que Cidade?
Da que não vem nos filmes, naquela que é suméria & sumária
Sim, Mafalda, ora diz
Eu tenho-me em Henriques
Sim, Henriques, ora diz
Tenho tanto que fazer em menos de tão poucos anos
Sim, Pedro, ora diz
Não me fodais com isso, não me fodais, Pai, com isso
Sim, Inez, ora diz
Aqui estou.

Como são eles dolentes ao fim da tarde?
(Digo) Como soam os sinos da tardinha?
Como é que o fogo é fogo & o lume arde?
Como é ter frio sem ter mais nadinha?
Sim, Albertina, ora diz
Pesei bacalhau, arroz, feijão em molde-líquido-peso, envelheci
Sim, MariAusenda, ora diz
Eu enfrento, eu aguento, eu aguento, eu sou alento
Sim, Tónio d’Ausenda, ora diz
Morro a trabalhar
Sim, Mãe, diga a Senhora
Talvez outras coisas te merecessem demora.



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