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Domingo,
21 de Novembro de 2021
Só ontem, por mercê do telefonema nocturno que me fez o Amigo senense João S.P., fiquei a saber da morte física do gigante António Osório. O óbito deu-se a 18, quinta-feira. O pobrete-alegrete-néscio-Portugalinho-pimba não cuidou da má-nova – sabe lá ele quem foi/é/será o gigante António Osório!
Deitei-me a pensar nos & a repensar os tão claros livros que deixou. Formosos quão nenhuns outros, inovadores ao primeiro instante, novos para sempre: clássicos à nascença, portanto. Para mim, António era, respirando, o mais alto Poeta vivo da Língua Portuguesa. Morto, a sua Poesia é da mais alta & mais viva alguma vez concebida em Língua Portuguesa.
Adormeci sabendo que já não conhecerei a pessoa. Houve certa altura em que tal não era impossível. Circunstâncias poderiam ter sido ajuntadas nesse propósito. Já não pode ser. Não faz mal. Tenho ali os livros. Já os reli quantas vezes no curso destes anos? Felizmente muitas. Quedo-me sempre desarmado ante tanta claridade. Da segunda metade do século XX, ele é, com Ruy Belo, santo do mais içado altar. Isto não abate outros nomes do mesmo período. Herberto é importantíssimo, claro. Mas Osório & Belo, para mim, tocaram sempre a nota exacta, o cristal essencial, a derradeira palavra no exacto lôgo de iniciação.
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