Dou-te uma filia se me deres uma fobia
Não somos
um país pobre. Somos um país de
pobres. São coisas muito diferentes. Pobre
é quem não pode. De pobre é de quem
não quer. E de quem, portanto, não crê.
Nenhum
país de gente a sério seria capaz de empobrecer vitaliciamente com todo este
mar à janela, todo este solo tão generoso à porta e todo este clima como idêntico
outro não há em quintal geográfico algum. Também somos um morredouro de pobretes
parvo-alegretes. Exercemos sem pudor e sem consciência a paradoxal idiotia de,
não nos lembrando de quase nada (olha a História, estúpido!), pedestalizar a
honras de palavra-pátria o substantivo “saudade”. De anfractuosidades dentárias
pejadas de broa rilhada e de jaquinzinho moído a cuspo, ouvimos o fado como
quem se injecta de vinagre com açúcar amarelo. Mais (e pior): somos quase todos
hibristófilos, paranóia derivada da mariquice a que os ratolas dos psiquiatras
chamam coulrofobia. Abrindo o livro:
1)
“Hibristofilia” é a veneração doentia por alegadas celebridades, da Maya
charlatã ao Marcelo leitor de capas de livros, do histriónico Baião ao bacoquismo
separatista dos mútuos clones Alberto João/ Jorge Nuno, do papa novo que
antiargentinamente corpuscristou a hóstia nas fauces do genocida Videla ao
casalinho-é-não-é-agora-sim-daqui-a-bocado-anavalho-te-o-plasma
Djaló/Floribela, que deveriam ser presos ambos por terem baptizado as filhas
com nomes de posologia farmacêutica em tailandês. Sim, somos hibristófilos, não
há que abjurar.
2)
“Coulrofobia” é ter miúfa/cagufa de palhaços. Ora, ter medo de “clowns” será
próprio de crianças hipersensíveis criadas por padrastos dados à bissexualidade,
à cocaína e ao sonho de ter um monte
alentejano como os que aparecem sempre nos inquéritos de Verão do Expresso, mas é impróprio de um povo
adulto com quase 900 anos de História como o Manoel de Oliveira. E votar neles
é ainda pior, porque indesculpável não é o erro, é o repeti-lo tanta vez,
porra.
Eu não
quero saber para nada dos imbecis dos Islandeses, essas bactérias criogénicas
que parece terem vo(l)tado a empoleirar no poder os mesmos facínoras de direita
que lhes comeram as casas, as filhas e a arquibancada central de assistir àquele
cabrão de vulcão lá deles que mata frotas aéreas como nós por cá varejamos
moscas. Eu quero saber é dos Portugueses, essa heróico-pícara grei de tremoç’ó’pevid’amendoim
pinoquialmente capaz de um Sócrates e soporiferamente incapacitada de um
Excel-lento Gaspar, que eu nem a um nem a outro empregaria como irmanador de
peúgas num asilo de pernetas.
Extinto o
cambalacho das nóvóportunidades, que nos resta senão os velhos fiascos? Os
sem-abrigo agora têm todos (pinoquialmente etc.) o 12.º ano, diploma que ainda
ninguém me provou estar na posse do Miguel R. (R de “raposa”). Ai têm o 12.º? E
agora? Vão licenciar-se em quê? Em Instalação & Detonação GPL num
Multibanco Perto de Si? E doutorar-se em que semântica executivo-operatória? Em
Carjacking Romeno-Angolano a Crédito-BPN?
Tende cá
paciência, ó parvo-alegretes. Paciência e prestidigitação: encarando Portugal
como cartola, seríamos todos mágicos, mágicos a ponto de a primeira coisa a
fazer sem mais delongas consistir em tirarmos o Coelho da Cartola, não sei se
estão a ver, nada na manga, ó manguela. A seguir, perceber de vez que o euro
não é moeda unitária nenhuma, é mas é o lobo do marco alemão com pele de
cordeiro a imolar na mesma ara sacrificial de onde começaram duas guerras
mundiais para os inumeráveis (mas enumeráveis) milhões de mortos e estropiados
do costume.
Finalizo
concordando a priori com tudo quanto, a este e outros propósitos, Cavaco não
pensar – e acusando tudo quanto ele não disser, que eu pobre ainda posso ser,
agora coulrófobo é coisa que nem a minha tia, quanto mais o pai das minhas
ricas filhas.
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