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Leiria, manhã de 9 de Maio de 2013, quinta-feira
Como se deveras tivesse
sido músico,
porto em corpo a moléstia
da atenção.
Cultivo no rio mesmo a
serradura sideral:
se ele espelha das
miríades a miopia estelar.
Vale-me o, tendo que
dizer, não mandar
dizer por ninguém. Por algo cresço ’inda.
Quebrei já muitos vidros
na imaginação.
Teima em mim o infante de
outro início.
E em partitura para harpa
a velha chuva.
Adormeci ontem no sofá
enquanto os Marx Brothers
iam ao circo emaranhar
ingénuos enredos.
A alegada Civilização
precisa de Irmãos.
Volto ainda a aldeias
apenas entressonhadas.
O avô e o neto extraem
água ferrosa do poço.
O cão é o mesmo de quando
Teixeira de Pascoaes.
E o frágil japão da geada
matinal, a mesma
de quando o bondoso
Wenceslau de Moraes.
Sim, estas coisas podem
ser.
De limitada edição é o
amor lácteo.
Começa-se pela Mãe,
chega-se à Mulher final.
Panifico-me todo em óbolo
de pombas,
columbina é minha ronda
pela Cidade.
E duas rolas são as filhas
que pude,
no gás das esferas, na
noite aldeã.
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Ib.
Quando talvez músico
outror’ um dia,
mais do que saber o que
fazia, eu vivia.
Ainda assim me é o
expediente respiratório
na consumpção do quase
semisséculo pessoal.
O meu Cunhado José Maria faz
hoje, 9, anos.
Foi com a minha Irmã ao
Lidl de Eiras,
apanhei-os por telefone
tomando café, uma
na companhia de outro, é
bonito saber tal.
O resto da manhã, vou
ardê-lo na composição
destas canções, ofício que
desempenho com mais
pertinácia do que talento,
eu sei, mas outro
remédio me não sobra que o
da contumácia
mais relapsa. Saindo daqui
da Rita, vou ao
Lagoa, aproveito para
atirar ao Lis o olhar
ambulatório de músicozito
provincial,
sendo meu natural um
coração manual.
Se alguma vez de novo em
seio de floresta,
refarei de cada passada
uma festa,
pois que tudo a passado
passa.
O oficial dos Correios, ao
lado, vozeia
caladamente as missivas
por frinchas
de alumínio à face dos
prédios.
Já o vi com a mulher às
compras no
hipermercado da Gândara,
comprou sardinhas de lata.
15
Ib.
Supina amabilidade,
gentileza a mais grácil,
tudo me conforma a mulher
que tenho e de quem
sou na espiral das horas
que dias e anos
engessam sem remédio mas a azul-marinho.
Quebram-se-me os dentes de
não lascivo desejo
quando a bom-dio, a
desperto e a beijo.
De pantanas,
ex-relicários, que mover me fizeram,
me não comovem já, fruto
que mordi mas não
lamento, não mais & já
não, podeis crer.
Procedo em paulatino
crescimento, vergando as horas
como se dobrasse duros
ferros em fundação de casas,
sim, trabalhei já de
adjunto de mação.
Ao fervor das tripas me
marulha a humanidade,
o dia chegará em que de
vez se me prateiem os gestos,
um pratito de massa com
carne me sustenta
enquanto vejo aquela
série-reality-show dos polícias
detendo traficantes e
afins gafanhotos da heroína,
lá fora o dia não abre o
jogo do sol.
Ali em São Romão, uma
mulher atropelou de carro
uma criança e fugiu do
local, a criança morreu,
ela já foi detida, a vida
não é uma festa porque
a gente abandona o local
dela, imagino o que por São Romão,
Leiria, vai, ou não, nem
imaginar quero,
ele há músicas que se não dança, só se chora.
ele há músicas que se não dança, só se chora.
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