14/02/2013

Rosário Breve n.º 296 - in O RIBATEJO de 14 de Fevereiro de 2013 - www.oribatejo.pt


“Esquentamento” só para a semana

Tenho sobre a banca de trabalho dois documentos que aparentam não ter nada a ver um com o outro. Um deles é recente: trata-se do discurso do bastonário da Ordem dos Advogados na cerimónia de abertura do Ano Judicial. O outro é antigo de 101 anos: trata-se da Cartilha de Higiene e foi produzido pela Imprensa Nacional em 1912 para o então Ministério da Guerra. Era (e ainda é) minha ideia descortinar afinidades entre textos aparentemente tão díspares. Prometo fazê-lo na crónica da próxima semana, já que outro tema se me intrometeu ao barulho. Na realidade, dois outros temas. Ambos têm a ver com a edição da semana passada do nosso O Ribatejo. Essa edição de 7 de Fevereiro do corrente ano traz duas coisas que sobremaneira me agradaram. A páginas 3, na rubrica Pergunta da Semana, os três leitores que responderam à pergunta que o jornal lhes punha (e que era: “O que acha da remodelação do Governo?”), fizeram-no gloriosamente. Nem mais nem menos: gloriosamente. O leitor Nuno Almeida disse: “Remodelação? Onde? Não se viu nada. E cada vez mais é preciso haver uma remodelação mas é do povo, renovarmo-nos, exigir um novo modo de estar na sociedade, visto que da classe política jamais isso acontecerá.” Certo. Certíssimo. Por seu lado, o leitor Gustavo Faria disse: “Acredito que a presença do ainda ministro Relvas e a recém-nomeação de Franquelim Alves são ofensivas.” E faz a apologia da necessidade de reconhecidas capacidades profissionais e de cidadania aos governantes. Certo também, certíssimo também. Finalmente, o leitor Eurico Costa tem um piadão quando diz: “Devia acontecer ao Governo o que se está a passar no Sporting: limpeza geral.” Devia pois. Ai não que não devia. Os meus mais sinceros cumprimentos a tão desassombradas palavras dos três leitores.
Outra coisa que muito (mas mesmo muito) me agradou na referida edição do nosso semanário foi a coluna de Arnaldo Vasques. Vinha na página 10 e tinha por título “Carnaval em Azóia de Cima”. É um texto muito bem escrito. Espero que os leitores tenham o bom hábito de guardar os jornais para memória futura. Recomendo o mais vivamente que vão em busca desse texto. A descrição é um primor. Aquele “casario branco” é perfeitamente visível “encosta acima”. Os adjectivos casam na perfeição com a realidade que musicam e pintam. Uma delícia de prosa: do “roubo” dos vasos de flores pertencentes aos “quintais das moçoilas casadoiras” à “água em caudal que enche os tanques dos lavadouros”. A crónica, em ademã de exercício da memória, é muito sã, muito afectuosa, muito clara. Senti que deveria homenageá-la em discurso directo meu. A ela, crónica, e ao seu Autor, Arnaldo Vasques. Aqui fica o registo. O registo e a promessa de para a semana vos dar conta do que me veio à ideia ao ler a discursata do Marinho Pinto, por um lado, e o cuidado que os soldados nacionais de há um século deveriam ter com os “esquentamentos” resultantes da ida às “meninas”.
Até para a semana, portanto. Sejam felizes até lá – e a partir de lá também. 

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Canzoada Assaltante