Trabalhou ele hoje já
algum proveito
Ao espelho do barbeiro
reiterou o vazio
A tarde ardeu qual fósforo
a direito
A noite o faz sobrinho
d’ó-tio-ó-tio
De bandas fluviais a brisa
impera
Ao zénite ascende a lunar
escrava
Ele ’inda há muita gente
que não se lava
A esperança é o avesso da
espera.
Em casa as coisas ressumam
fidelidade
Nos nichos os santorros
apodrecem
Diáfanas gazes à visão
adormecem
E dão clarividência à
muita idade.
Ele hoje não faz mais
senão esperar
Que a esperança não doa ao
peito içada
Ao espelho do barbeiro ele
soube nada
E tudo já sabendo passou a
estar.
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