© Jonathan
Monk
As Yet
Untitled I
2010
Leiria,
31/XII/2012
BOLETIM
I
Luxo para
mim e luxúria minha,
à matinal
brisa não arrepio.
Estou
nela tão bem, não sinto frio,
nem minto
ser eu tal a andorinha
que a céu
aberto escreve suas asas,
primaveril
rainha superiora às casas
do pobre
burgo baixo, coitado, humano.
Acaba-se
hoje e quase aqui o Velho Ano.
II
É esta
ainda a força respiratória,
esta
ainda a grafia credora do mundo.
De
senhoras a pulsão venatória,
da ave
solta o risco alto e profundo.
Da
galeria as colunas (arbórea pedra)
atiram
arcadas curvadas e capitéis.
Por elas
fenece (fenece mas medra)
o absorto
velho, ex-criança sujeita às leis
do
nascer-um-dia-um-dia-já-não.
Procura e
trova a pomba a seu pão.
Um carro
da polícia, manhã muito cedo:
’inda
dorme o ladrão, não há que ter medo.
III
Enamora-se
o velho efebo de dados passos
que a não
voltar passam, nem mais voltarão.
Coisas
que nunca foram, ora são. A oração
por que
permaneçam delas os cunhos e os traços
não cabe.
Sabe o efebo envelhecido isto de cor.
Nem
teima. Nem insiste. Resiste ’inda, p’lo melhor,
a
licorar-se de falidas idas tidas ternuras.
Hoje,
tudo água-d’olhos. E nas mãos, tremuras.
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