E vão 250
Esta é a crónica n.º 250 que vos escrevo. Parece mentira: um quarto de milheiro de semanas desde o dia 27 de Maio de 2007, data da primeira coluna que aqui assinei a convite da malta dO Ribatejo, convite que me honrou e honra e que tanto continua a gratificar-me.
Os meus leitores perdoar-me-ão decerto que, assinalando a redondeza da efeméride, esta crónica vá um pouco mais virada para “dentro”. Ou seja: esta semana deixo Moita & quejandos em sossego e faço prova pública da minha gratidão para com o jornal humano, que naturalmente inclui a gratidão para com tantos leitores, monárquicos e sportinguistas incluídos.
Dia 3 de Março recente, fui almoçar ao Adriano da Taverna Miratejo, lá em baixo para o Alfange, à face do belo Tejo. Por óptimas que fossem (e eram, e eram), nem as enguias nem o sável puderam rivalizar com o teor todo ourives da companhia que me fizeram: a Zélia Barata exerceu duramente o prestígio da sua beleza física e moral; o Manel, marido dela, inchava como um pavão a hélio ante o nosso desconcerto; o Viriato Teles ensinou-nos coisas do Fausto Bordalo Dias, revelação que, ora & aqui publicada, me vai decerto mover um processo judicial; o patrão Adriano não me levou cêntimo pelo sétimo moscatel; o Manuel Freire não cantou a Pedra Filosofal nem deitou Abaixo o D. Quixote, mas disse coisas melífluas do General Eanes e do Padre Fontes, aquele das bruxarias; derredor Alfange, o Tejo era a veia viva do costume: espécie de Alves Redol em alma líquida; o Zé Oliveira e o Júlio Murraças trocadilharam à fartazana, tendo o Júlio contado uma coisa de pescadores e de maçãs que ninguém percebeu, a começar por mim; o pessoal dO Ribatejo se calhar nunca tinha juntado tantos leitores juntos, tirando aquelas galas aniversárias a que o Relvas e o Chico Flores já foram, embora contrariados por causa da liberdade e coiso; o Zé Freitas, como toda a gente sabe, não existe nem respira, como todo o bom espanhol, mas o ágape foi excelentíssima organização dele; o João Nuno “Pep” estava atento às hostilidades e comeu como se fosse etíope; a minha senhora e a amiga Mafalda também comeram de mais, mas um dia não são décadas; o Fernando Costa deglutiu com delicadeza tudo o que lhe puseram à frente, incluindo uma vela esquecida que ali estava; o João Baptista mandou umas boquitas arranha-benfiquistas, mas no geral primou pela ética e pela deontologia que o caracterizam, o sacana.
E depois havia o Quim Duarte, esse irrevogável ajuntador de migalhas que, águas-vêm-águas-vão, nem merece dois beijos de homem para homem em público, quanto mais este.
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