"Toda a alma triste dá luar."
Teixeira de Pascoaes, Livro de Memórias, pág. 37
Há barcos que só de noite caminham,
como Cristo,
sobre as águas.
Surpreende-os a Lua,
sob as pontes,
Lua e barcos.
São toneladas
de
solidão.
Não são
despedidos
nem esperados.
Ouço
seus urros
cetáceo-elefantinos.
Troncos deitados
no mar, ao mar
deitados.
Tronbarcos iluminados
mas
sem pássaros.
Morrem de
sede
sobre o sal.
Quilham,
cortantes,
cardumes.
Todos
merecem
a Lua.
Faúlhas de ferreiro
estralejam nos convés:
as estrelas.
Homens,
dentro, fora
mulheres.
Escrevem e deixam,
da popa, infinito
verso branco.
Sucessivos,
nunca
irmanados.
Comboio
reticente
formam.
Fervem
neve,
da popa.
Morreram
já
seus armadores.
Quando descem
aos fundos,
sorriem.
Afogam
Cristo,
descendo.
Seu corpo
chama-se
calado.
Ferro
e madeira,
juntos.
Não me
parecem
mortais.
Confiscados
pela
prata.
Separam
sardinhas
de albatrozes.
Almas
puderam
tornar-se.
Não
choram, não
cantam.
Urram,
arpoados
pela Lua.
Para trás,
dissolvem
as pontes.
Levam
cartas
inescritas.
Nunca
trazem
correio.
Só os ratos
lhes são
fiéis.
Olhá-los
pode
matar.
Molham-me
os
olhos.
como Cristo,
sobre as águas.
Surpreende-os a Lua,
sob as pontes,
Lua e barcos.
São toneladas
de
solidão.
Não são
despedidos
nem esperados.
Ouço
seus urros
cetáceo-elefantinos.
Troncos deitados
no mar, ao mar
deitados.
Tronbarcos iluminados
mas
sem pássaros.
Morrem de
sede
sobre o sal.
Quilham,
cortantes,
cardumes.
Todos
merecem
a Lua.
Faúlhas de ferreiro
estralejam nos convés:
as estrelas.
Homens,
dentro, fora
mulheres.
Escrevem e deixam,
da popa, infinito
verso branco.
Sucessivos,
nunca
irmanados.
Comboio
reticente
formam.
Fervem
neve,
da popa.
Morreram
já
seus armadores.
Quando descem
aos fundos,
sorriem.
Afogam
Cristo,
descendo.
Seu corpo
chama-se
calado.
Ferro
e madeira,
juntos.
Não me
parecem
mortais.
Confiscados
pela
prata.
Separam
sardinhas
de albatrozes.
Almas
puderam
tornar-se.
Não
choram, não
cantam.
Urram,
arpoados
pela Lua.
Para trás,
dissolvem
as pontes.
Levam
cartas
inescritas.
Nunca
trazem
correio.
Só os ratos
lhes são
fiéis.
Olhá-los
pode
matar.
Molham-me
os
olhos.
Caramulo, tarde de 20 de Fevereiro de 2007
1 comentário:
Olá Daniel,
Como sempre, leio com prazer a tua poesia!
Um grande abraço!
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