Foto: © DA.
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Algo amargura
aquele homem, ali à segunda mesa, sentido norte-sul.
Ricto
ácido lhe engelha a labiação, lhe avinagra o olhar.
A
manhã de hoje tem mais cinza do que azul.
Mesmo
assim, desentendo daquele homem o esgar.
Parece-me,
ele, enxuto talvez de mais.
Há
talvez muitos anos que não vá em carnavais.
Raio-X
de si mesmo, é-lhe árida a ossatura.
Disseram-mo
viúvo, talvez daí a amargura.
Chama-se
Trépido Raul Dovelho Malagueta.
Urra
às vezes opiniões que não valem ’ma punheta.
E
é comensal daqui vai p’ra trint’anos.
Fuma
umas cigarrilhas de papelaria preta.
É
quase um eremita-estóico-asceta.
Sofrerá,
como todos nós, de vis desenganos.
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Onde
(vida, corpo & tempo, digo) te toquei, perdoa o haja feito.
Desnudámo-nos
limpamente: levámo-nos a peito.
Hoje,
é-me impossível falar-te de outras mulheres.
Não
eram elas tu, assim é mesmo & foi, que é que tu queres?
(140)
(O
meu Irmão José Daniel está afinal,
como
ele mesmo escreveu,
em
seu
horizonte
vertical.)
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