Foto: © DA.
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Vai hoje a
sepultar o piloto André Serra, que morreu em combate às chamas lá para Foz Côa.
Lamento profundamente tal trágico passamento. Há demasiados séculos que o meu
(& dele, André) País está ardendo sem extinção à vista. Excepto a pessoal, por
mais heróica & mais irremediável.
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Não será hoje
que reverei o mar-atlântico.
Palmilharei,
antes como depois, áridas ruas.
(Não, não
estou a jogar o trocadilho semântico.
Estou só a
mostrar-Vos ambas mi’as mãos nuas.)
Ele é gordo,
ela é gorda: casal ali assentado.
Cada qual de smartphone
empunhado.
Nem se conversam,
dialogam ou crocitam.
O
casal-de-hoje é isto: quatro patas que digitam.
Penarei ou
pensarei? Não é isto sinonímia?
Penso em
Georgia O’Keeffe, sei eu lá bem o porquê.
Era pincel
solar, era uma mente exímia.
Quem não sabe, é como quem não lê.
Volvi-me
sibarita quase involuntário.
Demasiado tempo
(con)sumi mil bagaços.
Enfim, a cada
cristo, seu calvário.
Enfim, a cada
cristo, seu senhor-dos-passos.
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