© Paul Strand
141
Por
a pura púrpura violácea do amanhecer
singrei
minha embarcação até teu litoral.
Mal
nos havíamos ambos, por então, adultecido.
Mal
lográmos ambos, por então, livrarmo-nos dos Pais.
Eu
singrei, sangraste tu: acabava-se-nos Outubro
desse
ano de meu mais tremendo luto, pois que d’Irmão.
Purificámo-nos
em brancura na brácara noite.
Isso
eu não olvido, por mui em lembrança o ter revivido.
Tudo
passa. Tudo (se) cansa. Pouco se alcança. É tudo pressa.
Claro
que a todos líamos: tu dando-lhe no Shakespeare, eu no Eça.
A
perversidade & a perversa idade, serão elas contemporâneas?
Vigorámos
todavia infantes-meninas por estrangeiros corpos.
Vingámos
descendência, por o que satisfizemos já a dívida.
A
dúvida é que talvez não. Agora pai & mãe somos: de nós se livrem elas
agora.
142
De
convulsos tristes coitos me vejo já livre.
(Nem
deu para conversar, foi mais ginástica.)
Era
então minha pele ainda elástica.
Já
disso me livrei ao deus-me-livre.
Se
amei? Bem me enganei! Não era espelho.
O
cotovelo, erógeno? E o joelho?
Lembro
cor de alguns olhos que me não viam.
(Somadas,
tudo putas que as pariam.)
É
duro envelhecer envilecendo.
(Em
catre-celibato é que me estendo.)
Sonho
literaturas já sem gajas.
E
se me leres, Delfim, o mor bem hajas.
143
E
a Luna Fortifeio Fauno Pompa
pagou
nossa rodada-dois-sozinhos.
Eu
vou mais pelas brancas; ela, por vinhos.
(Oxalá
qu’esta cópula/copla não se rompa.)
Colou-se-me
à boca uma mosca.
Cuspi-a
em decimal metrometria.
A
Lua de crescente & a tarde fosca
não
são averbamentos de alegria.
144
Trabalharei
as próximas das-zero-às-oito, lá chegando vivo.
Deveria
dormir um pouco, pousar a corporação.
Escrevo
já há muitas horas, digo: estou & sobrevivo.
Pericárdica
é a membrana de roda-coração.
Um
aceno-de-cabeça me saúda.
Somos
comensais deste tasco diário.
Só
aos ricos é que o Senhor-Deus ajuda.
Quem o contrário crê, é mui otário.
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