© DA.
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Educo-me a
cada hora improvável.
Toquei clarinete
em banda-procissão.
Afirmo ter
andado em negação.
Outra era
veio, idade que, implacável,
não perdoa
nem abençoa, ah pois não.
Caduco-me como
a toda a grei sucede.
Toquei viola-baixo
em grupo-de-baile
& viola-de-fado
p’ra fadistas de xaile.
Sou outr’-o-mesmo
agora? Quem me mede?
Olhai q’ quem
escreve é pobrezinho: dai-l’e
O óbolo da
leitura, afinal é quanto peço.
A esmola da
atenção, só por ela peco.
(E não, não sei
mesmo quanto meço.)
De resto, sou
o mais vulgo-badameco.
Calado o mor
do tempo, não faço bulha nem eco.
Cedilharei sibilantes
serpenteantes.
Nasalarei pectorações
de muco grosso.
Trabalhei das
zero às oito: ganhei p’r’almoço.
Algo ’inda d’amanhã será como era dantes.
E o-programa-segue-dentro-de-instantes.
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