07/09/2023

H. EM BUSCA DELFIM - 134 (integral; 17 de Julho de 2022)

 

© DA.



134


 

Educo-me a cada hora improvável.

Toquei clarinete em banda-procissão.

Afirmo ter andado em negação.

Outra era veio, idade que, implacável,

não perdoa nem abençoa, ah pois não.

 

Caduco-me como a toda a grei sucede.

Toquei viola-baixo em grupo-de-baile

& viola-de-fado p’ra fadistas de xaile.

Sou outr’-o-mesmo agora? Quem me mede?

Olhai q’ quem escreve é pobrezinho: dai-l’e

 

O óbolo da leitura, afinal é quanto peço.

A esmola da atenção, só por ela peco.

(E não, não sei mesmo quanto meço.)

De resto, sou o mais vulgo-badameco.

Calado o mor do tempo, não faço bulha nem eco.

 

Cedilharei sibilantes serpenteantes.

Nasalarei pectorações de muco grosso.

Trabalhei das zero às oito: ganhei p’r’almoço.

Algo ’inda d’amanhã será como era dantes.

E o-programa-segue-dentro-de-instantes. 


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Canzoada Assaltante