9. EVOLUIR DO MARCADOR
Leiria, tarde e noite de terça-feira, 26 de Julho de 2011
Pode aprender-se alguma coisa do Universo, mas é duvidoso que se possa apreender o que quer que seja. Estou a pensar nisto sentado à sombra, numa tarde leiriense de razoável esplendor e não despiciendos ventos. Perto, três + um homens existem sem pressa – como eu faço, ou qual a mim por igual acontece. O solitário bebeu uma mini e pasma sem angústia ante a pantalha (ou espantalha) televisiva. Os três da outra mesa conversam amenamente, cervejeiros eles também. Isto é a Passagem. Tudo a consubstancia: o descer do líquido nas garrafas, o bocejar aritmeticamente contável da patroa ao balcão, o evoluir do marcador no jogo que está a dar.
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Leio livros povoados de palavras decididas por gente hoje morta. É uma espécie de magia simples. Fora desta sala, a noite de Verão elanguesce, frígida quase. Uma senhora chamada Violante envolve distraída o dedo indicador da mão esquerda no cordel que fecha a caixa de pastéis que comprou há pouco numa confeitaria triste. Os senhores Rume, Armas, Torgal, Aura, Bútua, Acenheiro, Lopo e Columbo disputam uma pool a um euro por partida. Uma loura, alta como uma meda de palha, bebe aos golinhos mendinhos o seu gin-tónico. A vida passa.
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