Souto, Casa, manhã de 20 de Abril de 2009
De dia uso o corpo para trabalhar, só à noite me permito a cabeça e alguma coisa do coração.
Devo sobreviver assim longos anos ainda.
Há gente cujo trabalho neste única vida é abrir janelas.
Ando aqui a ver paredes e paredes e paredes.
Não tenho contas a ajustar, não me as permito já.
Estou reduzido a único dia, espécie de eternidade portátil.
Sonhei com a minha terra esta noite: era vertical, a terra.
Um único dia eternamente, longos anos de um dia único como a vida.
Na volta do Verão, reaberto o anfiteatro sideral, aceito a abóbada.
O corpo é todo nave em paragem e passagem, ao tempo mesmo.
As crianças tornam recentes as arqueologias, atiram cor.
Cada animal é uma monarquia absoluta.
Tenho sido republicano por distracção.
2 comentários:
Belo!
Já tardava, Abrunheiro, já tardava!
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