24/04/2009

Rosário Breve nº 100 - O Ribatejo - www.oribatejo.pt

Santidades a dar com um pau (carunchoso)

Então parece que D. Nuno Álvares Pereira vai ser canonizado. Um santo nosso: era o que nos faltava para sermos gente. E se não gente, pelo menos felizes. E se nem felizes, pelo menos menos infelizes.
Este agora santo fez parte da minha escola primária pré-1974. Sempre o considerei uma espécie de ídolo do hóquei em patins: um Livramento de Aljubarrota, por assim dizer. Com ele, ganhávamos sempre a final com os castelhanos. Sempre, embora sempre no mesmo dia do mesmo ano no sítio do costume, essa Aljubarrota que rimava com vitória, não com derrota.
Condestável, estável e conde de não sei quantos condados, varão de desconheço quantas varas: grande dom, grande Nuno. Enfim: brincadeiras com que a gente se vai patrioticamente entretendo nos intervalos da spórtêvê em algum café perto do Centro de (des)Emprego local.
O décimo-sexto Bento da tabela dos papas, mesmo assim, ainda tem muito que canonizar cá com a maltosa. Tem, tem.
Maria de Lurdes Rodrigues (até por Maria, até por Lurdes) já vai merecendo, no mínimo, que a vaticanante pituitária lhe fareje o cheiro de santidade.
Manuela Ferreira Leite também, até por, também, ter já andado pela “Educação” ministerial, esse tugúrio de anjinhos.
Durão Barroso, não lhe há-de faltar muito, se calhar por ter fugido.
Manuel Alegre é certinho na cartilha com aquela novela do “exílio em Argel”, terra de moirama da grossa tão propícia à fábrica tanto de santinhos como de pau carunchoso.
Outro santo inevitável é Joe Berardo, todo o praticante não católico sabe porquê.
Vital Moreira? Alguém tem dúvidas entre nós, europeus?
Vítor Constâncio, sempre: é anátema quase, ser tão santinho entre gafanhotos.
De modo que D. Nuno Álvares é apenas o primeiro a mostrar caminho para Roma e para o Céu.
Eu sei, sim, eu sei que já temos mais nomes aureolados no cardápio celestino, mas eu só aqui estou para vos falar do futuro.
Porque, também, quem neste país acredita em futuro para este país – só pode ser santinho, que é o que devemos dizer quando nos dizem ou D. Nuno ou atchim.

1 comentário:

Anónimo disse...

É verdade, ó Abrunheiro! Deve o beato a celestial ascensão ao óleo "Fula". Estava um dia a miraculada dona Guilhermina a frigir uns peixinhos e um salpico do santo óleo ulcerou-lhe a córnea. Depois da via crucis dos médicos incréus e de outras medicinas mais crédulas, a dona Guilhermina apegou-se ao santinho e zás, habemus sanctus! A Hagiografia é uma coisa muito linda, ó Abrunheiro!

Canzoada Assaltante