Vai
devagar antes que tomates alguém
Não foi ainda desta que me fiz presente na
sempre aparato-grandiosa e scalabitana Feira Nacional de Agricultura (FNA). Não
por culpa da Organização mas por causa da minha matripatrimonial senhora, que
pouco me deixa sair de casa. (A não ser por escrito – embora uma só vez por
semana e só até 3500 caracteres em página última. Misérias suaves, enfim, as
minhas. Adiante.)
Por modos que não fui à já hemissecular FNA
(acrónimo a que só falta um C final
para vender best-sellers e cêdêvêdês
com fartura ou um T terminal para
homografar a estadonovista antecessora do INATEL que Deus tem). Não fui eu mas
foi o Portas, o inefável Portas, o cândido Paulinho, esse exímio fandanguista
de arraiais, esse incansável e quase lúbrico osculador de peixeiras, esse ASAE
bonzinho que mais depressa caça um voto à viúva zarolha dos tremoços e ao
cigano contrafactor da Benetton de Avintes do que o Diabo se esfrega o
terceiro-olho à Lobsang Rampa. A falta que lá não fiz, fá-la-ia o adocicado PP,
ex-enfant-terrible do gorado e não
saudoso Independente, fotocopista
licencioso e multiusos de documentos da Defesa Nacional, hoje tão depressa
feirante da diplomacia como amanhã diplomata das feiras. O preclaro Portas!
Utente malapato e malacafento de uma “clareza” no explicar-se chapeada a
rebites de onzeneiro judeu à la Gil
Vicente, beato como um guarda-redes de mesa de matraquilhos em salão paroquial,
o PP do PP está para a sinceridade como o Gaspar para a rapidez fonética, o
Relvas para os estudos, o Crato para uma decente carreira docente, o Alvarinho
para o livro Anita Procura Emprego, o
Coelho a cantar a Nini, o Soares para
a mocidade (portuguesa), o Seguro para a maturidade, o Alegre para a poesia a
sério, o Goucha para a Playboy e eu,
nem que uma vez só na vida, para a FNA.
Não fui. Perdi eu. O mais longe que fui,
foi ali à Rita, primeiro, e à Rosa, depois. Ambos os estabelecimentos são de
boa índole cafeíno-licorosa, ambos graciosamente oferecem a leitura sempre
auspiciosa do purulento Correio da Manhã.
A propósito deste periódico (recorrente tripulante, aliás, da nave da minha
mundivisão), dia 15 passado foi um bom dia. Na rubrica Mundo Louco (súmula, afinal, de todo o jornal), auferi a alvíssara
de não ter ido à FNA. Era a páginas 29. Um alegado poeta colombiano chamado
Brochero (pois…), frustrado com a indiferença que em sua/dele nativa América do
Sul lhe devotam ao respectivo escrevinhanço, propunha-se fazer uma viagem à
Europa no intuito de divulgar o seu/dele livro mais fresco, uma decerto pataratice
intitulada “Poesia pela Paz”. O
problema dele era o que o nosso é: dinheiro, nicles. Vai daí, no propósito
sempre louvável da angariação de verba pró-verbo poético, lembrou-se, o
palerma, de leiloar os próprios testículos. Sim, as próprias bolsas gónadas. E
isto a partir de uma licitação de coisa de 15 mil euros. A sete mil e ½ o
guizo, portanto.
Notai, meu fiel leitor e deslumbrante
leitora minha, que bem mais bocejo eu do que pasmo, na idade não ínclita mas
madurota já a que já cheguei – e que é de apenas menos um do que os cinquenta
anos nesta edição festiva e justamente celebrados pela FNA. Mas perante coisa
assim, confesso, pasmei. É que nem dá para gozar. (Ou dará?)
Pacificou-me todavia uma arte que mui hei desenvolvido
até ao presente hoje-dia: a da contrastaria.
Contrastei assim: para publicar um livro,
posso não ter os tomates provisórios do Brochero, mas também de nada me
adiantaria, para efeito de me ver em prelo e escaparate e JL e tudo, cercear-me a virilidade dos jardins-suspensos ligeiramente
refrigerados na sub-reentrância das axilas de baixo. Ou seja: nem cortá-los
para pública haste, nem ter ido ao 10 de Junho a Elvas, efeméride e sítio onde
o senhor Presidente da República, discursando, também se pôs a falar de uns
tomates que naquele certame em particular não havia, como os figurativamente
não há no resto do arraial político deste eunuco País.
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