O
Buraco de Abrantes não é só de Abrantes
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O mundo local não carece de
universalidade. A nossa parte mundial é urbe que vale orbe. A horta do meu
vizinho Fernando é toda a Agricultura. A garagem onde o Né faz rolhas? É a
Indústria toda. O Café da Rita? É todo o Comércio. O Desporto? É a
sueca-lambida da Associação Recreativa, Desportiva e Cultural. A Educação é a
catequese-aos-sábados e as explicações da Menina Patrocínio. A Política tão
depressa é na Assembleia da Junta de Freguesia como no Teatro-Circo (fundado
ainda D. Carlos I e Último respirava.) E cada vez que me escanhoo, confiro ao
espelho a decrepitude da Humanidade toda que há. Posto isto, falemos agora do
buraco da/na Avenida de D. João também I, em Abrantes.
2 Há coisa de um ano que o irrequieto munícipe
abrantino José Baptista anda a moer a paciência à sô-dona Maria do Céu Albuquerque com a resistência daquela chatice
no chão. A edil, népias. Ora, o buraco local não carece de universalidade. Ah
pois não. Daí que eu creia com razoável quilate de firmeza que não apenas a
onomasticamente celeste Maria Primeira daquela formosa & antiga cidade se
deva inculpar no cartório. Ah pois não apenas. Porquê? Simplicíssimo: porque,
de cada vez que uma câmara faz népias, a dita edilidade abre buracos na
democracia mesma que lhe dá origem. É desassombradamente, pois, que o buraco de
Abrantes também boceja desleixadamente & desconsoladamente se arreganha
em/por toda a Estremadura e por (quási) todo o Ribatejo. (Já lá vamos ao “quási”.) Ah pois é: o buraco de
Abrantes também aparece na Nazaré, em Alcobaça, nas Caldas da Rainha, em
Óbidos, em Peniche, no Bombarral, na Lourinhã, no Cadaval, em Torres Vedras, no
Sobral de Monte Agraço, em Arruda dos Vinhos, em Alenquer, em Rio Maior, no
Cartaxo, na Azambuja, em Benavente, em Coruche, em Salvaterra de Magos, em
Almeirim, em Alpiarça, na Chamusca, na Golegã, em Alcanena, no Entroncamento,
em Torres Novas, na Vila Nova da Barquinha, em Ourém, em Tomar, em Ferreira do
Zêzere, em Constância, no Sardoal e em Mação – tudo participa do
buraco-buraquinho-buracão. É do tal factor-népias.
Por respectiva ordem, são pois inculpáveis os senhores & as senhoras
homólogos/as de Maria do Céu: Walter Manuel Cavaleiro Chicharro, Paulo Jorge
Marques Inácio, Fernando Manuel Tinta Ferreira, Humberto da Silva Marques,
António José Ferreira Sousa Correia Santos, José Manuel Gonçalves Vieira, João
Duarte Anastácio de Carvalho, José Bernardo Nunes, Pedro Paulo Ramos Ferreira,
José Alberto Quintino da Silva, André Filipe dos Santos Matos Rijo, Pedro
Miguel Ferreira Folgado, Isaura Maria Elias Bernardino Morais, Pedro Magalhães
Ribeiro, Luís Manuel Abreu de Sousa, Carlos António Pinto Coutinho, Francisco
Silvestre Oliveira, Hélder Manuel Ramalho de Sousa Esménio, Pedro Miguel César
Ribeiro, Mário Fernando Atracado Pereira, Paulo Queimado, Rui Manuel Lince
Singeis Medinas Duarte, Fernanda Maria Pereira Asseiceira, Jorge Manuel Alves
de Faria, Pedro Paulo Ramos Ferreira, Fernando Manuel dos Santos Freire, Paulo Fonseca,
Anabela Gaspar de Freitas, Jacinto Manuel Lopes Cristas Flores, Júlia Gonçalves
Lopes de Amorim, António Miguel Borges e Vasco António Mendonça Sequeira
Estrela.
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Arguto & atenta, o meu
Senhor-Leitor & a Senhora-Leitora minha terão notado de imediato que do rol
de crateras supra-desfiado não consta o angelical, o seráfico, o querubínico, o
duas vezes Gonçalves e uma vez Ribeiro santareno autarca Ricardo. Ah pois não.
Nem ele, nem Santarém. A excepção é regrante: em Santarém, os Josés-Baptistas não são inocentes como
os anjinhos de papelão das procissões tão do agrado ó-p’ra-mim do herdeiro de Moita Flores. São, bem pelo contrário, perigosos agitadores
esquerdelhos a soldo da Rússia (ainda) comunista & da China (ainda)
maotrotskysta. Ah pois são. Os buracos que possa haver pela terra do grande
Bernardo Santareno – são eles & são elas que os escavam de noite para
poderem andar aos berros de dia. E se não é assim como digo, há-de ser pior
pelo que não sei. Saber, todavia, sei isto: que em Santarém o Buraco não é de calçada. É de poder.
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Ah pois é.
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