Leiria, manhã de
domingo, 13 de Julho de 2014
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Humana
frota tripula a manhã dominical
ao
remanso fresco que a hor’ainda dá.
É
uma matina portuguesa, ilesa, meridional:
melhor
do que ela é que não há.
Às
nove, na Igreja de Santa Cruz de Coimbra-a-Minha,
rezaram
missa por alma e em intenção
do
meu ido Amigo José António da Conceição.
Neste
sítio mundial, que Leiria é, a luz pergaminha
o
fluvial arvoredo, que é de rama umbrosa.
A
vida, assim quieta & (c)alma assim, é decorosa,
é
rosa de que se não augura o fim.
Mas
tem-no. Detém-no. Para tal, não há remédio.
Suficiente
& pertinente é, por ora, capar o tédio,
sabendo
de ti alguma coisa – e tu, alguma de mim.
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Desse
azul mais escuro
que
é veludo noctâmbulo
&
da manhã preâmbulo,
reverso
dela o mais puro
–
desse oferta te fiz & faço.
Lento,
cada verso, tipo melaço,
para
ti escorre, quer ser, entregar-se.
O
melhor do receber ’ind’ é o dar-se.
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A
mulher hoje de azul na esplanada clara
é
dessas belezas verticais que ao céu mesmo sublimam.
Duas
belas orelhas de viva louça a encimam.
E
o rosto é desses rostos a que se não chama cara.
A
bacia dá ao torso a sugestão da ânfora.
O
pé, a ouro de tiras sandaliado,
tem
qualquer coisa de âmbar, digo, de cânfora.
Todo
o resto é muito bem ataviado.
Tem
marido, claro, que à trela usa ela.
É
rapaz de têmporas grisalhadas & de perfil discreto.
Usa
camisa castanha com gola amarela
e
umas sapatilhas lavadas, sérias, de tom correcto.
Ambos
contribuintes, eleitores ambos democratas.
Ele
é Rui. Ela é Maria do Amparo Gomes Pratas.
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