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Com os
anos, é possível aprender a ser-se amado.
Passou há
muito, felizmente, o tempo das experiências.
A receita
eficaz está agora na adoração pachorrenta:
as pantufas
irmanadas, o gato plácido,
as
andorinhas-de-barro na empena do alpendre.
Os grossos
cordames dos navios não logram isto:
são só
cordames de navio – e está muito bem.
Em vários
istmos portuários eu vi tais cordames.
Daí que,
sim-talvez-ou-não me ames,
o que
retiro é ter sido o que olhava navios.
Não posso,
bem no tente eu embora, deixar-me todo em papel.
Há coisas
que são só p’ra dizer aos domingos
– e hoje é
segunda-feira na minha vida e
amanhã
também.
Penso
ter-te posto isto em pratos os mais limpos.
Gosto, como
tanta gente gosta, de crianças ao vento.
Sinto-nos
cadernos-de-colorir – e elas, as cores.
Mas depois
derivo, dou voltas na chuva mesmo fazendo sol.
Nos
espelhos das barbearias, ao longo dos meus já tantos dias,
tenho visto
mais do que a mera multidão restrita
do barbeiro
& eu.
Uma vez,
num inverno poderoso como um guante de ferro,
tremi
sezões que não provinham de moléstia no sangue.
Fiz por
esquecer isso em trovas fingidoras & bem escritas.
Também fiz
filhas, nem tudo foram falhas.
Hoje, que é
julho por minutos, já recebi sinais,
telepáticos
talvez, da nunciatura feliz e descamisada
sempre tão
afim dos poetas-de-esplanada.
Isto, à flor
como no fundo, vale-me tudo,
por valer nada, ó só minh'(a)prendid'amada.
por valer nada, ó só minh'(a)prendid'amada.
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