05/01/2014

Órfãos do menino-da-trapeira desde a madrugad’agora - Leiria, manhã de domingo, 5 de Janeiro de 2014




Órfãos do menino-da-trapeira desde a madrugad’agora:
às 3h30m, morreu Eusébio, o grande senhor Eusébio
da Silva Ferreira, que deixa viúva Flora e viúvo
Portugal.
Nascera em Moçambique a 25 de Janeiro de 1942.
Chamaram-lhe depois Pantera. Negra, naturalmente.
Vi-o três vezes nas nossas vidas:
uma, em Coimbra (perdeu por 2-0 com a Académica);
outra, em Coimbra também (os encarnados deram 0-4 ao meu União);
e outra, em Lisboa, no Cemitério do Alto de São João, tinha ele lá ido fazer as honras a alguém do dirigismo futeboleiro, enquanto, quanto a mim, passeava por ali lendo lápides, visitando o derradeiro sítio de Ramalho Ortigão, sentindo coisas para escreviver.
Sinto o mesmo, com exactidão o mesmo, que senti
quando, no ocaso do ano 1999, nos morreu a divina Amália:
dois colossos pátrios, duas pessoas melhores, dois artistas
de uma época que a eles deve, em boa ho(n)ra, ser imorredoura
chamada.
(E trapeira é bola de trapo, na terra batida da antiga
Lourenço Marques.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Curvo-me perante o tema e perante o poema. Viva Eusébio! Viva o futebol! Viva a Língua! JJC

Canzoada Assaltante