Órfãos do menino-da-trapeira desde a
madrugad’agora:
às 3h30m, morreu Eusébio, o grande senhor
Eusébio
da Silva Ferreira, que deixa viúva Flora e
viúvo
Portugal.
Nascera em Moçambique a 25 de Janeiro de
1942.
Chamaram-lhe depois Pantera. Negra,
naturalmente.
Vi-o três vezes nas nossas vidas:
uma, em Coimbra (perdeu por 2-0 com a
Académica);
outra, em Coimbra também (os encarnados deram 0-4 ao meu União);
e outra, em Lisboa, no Cemitério do Alto de
São João, tinha ele lá ido fazer as honras a alguém do dirigismo futeboleiro,
enquanto, quanto a mim, passeava por ali lendo lápides, visitando o derradeiro
sítio de Ramalho Ortigão, sentindo coisas para escreviver.
Sinto o mesmo, com exactidão o mesmo, que
senti
quando, no ocaso do ano 1999, nos morreu a
divina Amália:
dois colossos pátrios, duas pessoas
melhores, dois artistas
de uma época que a eles deve, em boa
ho(n)ra, ser imorredoura
chamada.
(E trapeira
é bola de trapo, na terra batida da antiga
Lourenço Marques.)
1 comentário:
Curvo-me perante o tema e perante o poema. Viva Eusébio! Viva o futebol! Viva a Língua! JJC
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