09/01/2018

OITAVA COM PARDAIS + OUTRAS QUE TAIS



OITAVA COM PARDAIS + OUTRAS QUE TAIS




Amo consoladamente os pardais
que o chão lêem com a boca tão esperta.
Abicam & abocam sais minerais
que a Natura dá de porta aberta.
Semelham eles átomos externos
orbitando exposta realidade.
Vigoram, duros, os duros invernos
e o Abril lhes consagra liberdade.

Co’ António Rosinha comi figos
que ele trouxe generoso à minha mesa.
Ele é dos meus mais antigos amigos,
esses da lusa infância concerteza.
Agora estou a sós, qual hibernando.
(Assim tenho estado p’la vida adulta.)
Látego, a bátega fustigando
segue a Natura humana inculta.

Bravia, a pedra não aproveitada
expõe da terra os ossos fracturados.
E a rasteira fauna, remolhada,
exerce a profissão dos apeados.
Na estação-de-serviço, a carneirada
(compro)mete (a) gasóleo (o futuro).
P’ra ela, o pardal só vale nada,
coitada gente própria de monturo.

Janeiro, Inverno & Rosas já florescem,
dadivando beleza infinita.
E dos pólos os frios recrudescem
congelando a sopa na marmita.
Velhotas açoitadas pelo vento
formigam tropegamente pela rua.
Crianças? Já as não há, o q’ lamento.
(E a quem alguma tiver lhe chame sua.)


Café Capa Negra II,
Urbanização do Loreto,
Coimbra,
11h19m de Terça-Feira, 9 de Janeiro de 2018


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Canzoada Assaltante