Contracapa
ri(t)mada mas não falsa nem à venda nem por favor
Uma
papa de água-prata estanha o asfalto da Vila.
Tem
sido feraz, a feroz invernia actual afinal outonal.
Arrepia
nucas & caminhos a ventania, barco sem vela.
Insone
noite adormece adentro o dia, afora Portugal.
(Venho
aqui falar de capas-falsas-pagas, não mo leveis a mal.)
Não
fui este ano ao festival gastrónomo ribatejano.
Desconfio
que repetirei o não-ir no próximo ano.
Gosto
pouco que me saiba o palato a capa-falsa.
Atiro
o pèzinho-de-porco a outro coentro; e o grão, a outra salsa.
Curto
pouco-nada-zero falsidades, por mor, ’inda, das (en)capadas.
O
mesmo amiguismo hei visto por outras cidades, não há daqui novas renovadas.
Castrados
serviçais ganem à vista mera do mero osso.
Este
custa meio amendoim; aquele, metade de um tremoço.
Aquel’além,
duas pevides; e aquele é corno de testa como os cabides.
Fraca
gente lida mal com a supositória suposição de a cívica posição ser maldosa
oposição.
Olha
que não, ó gente fraca, rabeta, rabeca & macaca, cara-de-cão.
Ó
tempo, volta p’r’à frente – canta-me isso, António Mourão.
Cansam-me
(sem me fatigar porém) o tacho do filho, a panela da mãe, o púcaro do sobrinho,
o túbaro do priminho – e a carestia do vinho.
Não,
não fui deleilautar-me, alarve, à Gastronomia festivaleira.
Dela
dei, todavia, notícia – tão sem tostão quão sem malícia.
Eu,
um dia (digo isto à base de muito talvez), vou ali ao Chinês chopsueyar-me de
costelas de rato com requintes de agridoce malvadez.
Ao
encontro & de encontro (diferentes toques são), venham eles-ventos e
elas-marés.
Mostra-me,
ó tratante, a tua carteira de publicidade: à vontade te direi quem pareces
& quem (não) és.
Quando
menino, vi que cada outro dos meninos era diverso & e de ao meu comum
destino.
Habituei-me,
quer’eu dizer, ao Outro – como a macha cavalgadura à novidade fresca do potro.
Ora
adulto, adoeço sem febre da simples reiteração de o Ribatejo sofrer de natural
beleza tanto quanto da humana condição.
Lastimo
a pobre eleita gentinha (que aliás não elegi) envelhecendo tão depressinha quão
a borboleta & o colibri.
A
tudo isto alheios, os nocturnos vândalos sem livros nem futuro spraygrafittam
paredes & queimam, por nada, público contentores de lixo recolectores.
Mui
gosto teria eu que sofrepadecessem de aviltantes dores, dores tais que
arremessassem tais sub-animais ao monturo.
Às
vezes, confesso, hesito: valerá esta cidadela um grito?
Valerá.
Mês
que vem, faz trinta anos (já!) o meu/nosso/vosso Jornal.
É
de vera capa. À dura luta do dia-a-dia não escapa. Nem escapar aliás quer.
Que
isto de gastronomias, natalícias hipocrisias & vendilhonas capas são só as
que o Leitor (não) quiser.
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