05/11/2015

Rosário Breve n.º 430 - in O RIBATEJO de 5 de Outubro de 2015

São Luís, orago de pontes de fantasia
ou
O coronel tem quem lhe escreva

Preciso muito de que o meu Leitor tenha presente a edição passada deste Jornal para que esta crónica (a começar pelo título) faça, ou tenha, algum sentido.
Falo das páginas 12 e 13 de 29 de Outubro último.
Página 12 integral. Canto superior direito da ímpar seguinte. Por favor.
Na 12, mais ou (pouco) menos isto: tropa alemã atira ponte entre o Arripiado da Chamusca e os castrenses Tancos da Barquinha. Coisa provisória, ilusão de barcaças. É que a de Constância (a da vida real, a dos civis) continua impraticável. Brincadeira de militares: coisas da OTAN que fingem que os puros (ou arianos) Alemães se deixam comandar pelos híbridos (ou anglo-franco mestiços) Canadianos do senhor coronel St.-Louis, supremo manda-chuva da paródia.
Magotes populares correm e concorrem a pasmar:  “A ponte é uma passagem / Para a outra margem” – lição dos nortenhos Jàfumega de melhores do que este ano(s). Os calhambeques militares passaram todos. Os homens soltos, também. Muitas toneladas caras. Nada a ver com os irrelevantes civis que precisam de trabalhar na banda d’além fora destes carnavais pseudobélicos.
Entretanto, a páginas 13, o meu/nosso/vosso Jornal assinala que demandar e atravessar a abrantina Ponte do Rossio pode custar 45 minutos de vida, no mínimo, aos deserdados e malfadados auto-utentes da dita travessia. A coisa é para, mole, durar. O Tejo fora de Lisboa conta muito pouco. Os Ribataganos, idem zero. A manutenção daquela estrutura rodoviária ora à mui portuguesa Santa Engrácia, não ao germanizado canadiano São, ou Saint, Luís, ou Louis.
Digo eu agora, uma vez fechadas sobre si mesmas as pretéritas páginas: tragifarsa, tudo isto. País (o nosso) de micos de circo que, ante o foguetório barulhento das luzes, privilegiam o irreal de dois mil maçaricos de pólvora-seca cruzando num ápice, por meia meia-dúzia de semanas, as mesmas águas que o pessoal trabalhador de cá não atravessa sem ser por esmola.
Porquê?
Porque a gente quer. Ou deixa. Porque a gente deixa.
Extinta a palhaçada, sobram os inexoráveis cursos de água e as imperdoáveis travessias adiadas.
Cristo não volta e o senhor coronel St. Louis vai-se embora.
“Like a bridge over troubled water” – não é Jàfumega, é Simon & Garfunkel.
Pode bem ser que ainda, uns e/ou os outros, passem nos receptores de rádio dos veículos parados ante as pontes quietas do nosso afinal sossego, a avaliar pelo mais recente plebiscito pró-legislativo.
Valha, enfim, a moral triste: a povo manso, rio bravo.
E Alemães adentro.

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Canzoada Assaltante