Vai
uma chanfanada?
1. Não me lembro se
já V. contei ou não a anedota mais intelectual que conheço. Passa-se com duas
cabras.
Estando ambas muito omnívoras numa lixeira,
acontece que uma delas encontra num monturo a bobina do filme E Tudo o Vento Levou. Curiosa, a outra
pergunta-lhe:
–
Então ’tás a gostar?
Ao que a protagonista responde:
– Hum,
gostei mais do livro.
Não sei bem porquê (mas sim, sei bem
porquê), emergiu-me à memória & à mão esta graciosa fábula quando, e logo
que, me foi dado saber que, na sequência e em consequência da pírrica “vitória” do PS nas recentes Eleições-dizem-que-Europeias,
Costa se prepara para confrontar e apear, de frente e de vez, o inseguro
Seguro. A recorrência da cena das cornúpetas mastigadoras justifica-se, penso
eu: é que, à bobina do actual líder cor-de-rosa, muita gente prefere a versão
paginada do edil de Lisboa. Não sei se estais a ver o filme…
2. O eventual sorriso
que, mercê da história das vorazes cabrinhas, possa ter-Vos ajudado a aflorar à
labial comissura encontra paralelo, julgo, noutra boa notícia para a lixeira
que somos: corremos para Bruxelas com o Marinho
da ANOP, vulgo Doutor e Pinto. Canastrão dos costados,
truculento de feições como de interjeições, cabotino não raro, o referido e
súbito arauto do ecologismo humanista do MPT pode, espero eu mui bem que sim,
autodesprotagonizar-se, por assim dizer, das pantalhas telerradioactivas, onde tem
sido tão ou quase tão assíduo quão o tisnado e cabisbaixo Moita Flores e o
efabulador José Hermano Saraiva que Deus tem se tiver. Desse filme, gosto eu –
armado em portador de fendido casco.
3. Por esta altura da
crónica, já consabido e avisado está o meu Leitor de que a semana me deu para o
anedotário. Sou dado a ridentes vilezas, confesso. Mas nem sempre. As mais vezes,
tendo mais para o sorumbático, para o bilioso, para o linfático & para o
triste gozo. É até mais difícil apanharem-me a rir do que ao edil Ricardo
Gonçalves em alguma procissão, esse jogging
das alminhas veneradoras & obrigadas. São manhas minhas: para não chorar,
rio-me. Como suponho que o mesmo Costa a esta hora mesma faz, ao avesso do que
se desfaz, por este instante, o desmesmo
Seguro.
4. Por aí cabritando
alegorias, resta-nos o cada vez menos Bloco
e cada vez mais de Esguelha. Aquilo
da bicefalia comandatária não é coisa, digamo-lo assim, nem muito sã nem muito louçã. A miúda não convence. E o
pachorrento Semedo também não. O esvaziamento salta às vistas. Suponho que a
marijuana não fica legal tão depressa quão o casamento gay. E é pena: porque é analgésica, porque faz rir e porque é erva.
Ora, toda a gente sabe quanto, havendo-lhe acesso, as cabras preferem o
herbáceo natural ao incidental lixo. Mas, é claro, tudo depende do bicho.
Ou da cabra
que se apanhe, seja na biblioteca de casa, seja num cinema perto de si,
aqui na Lix’Europa do nosso desconsolo.
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