60. PARECIA NEM EXISTIR
Leiria, domingo, 3 de Julho de 2011
Em pleno Estio, o dia foi baço, de céu baixo dado a cinzas e a poalhas de água. Os domingos já são vazios, mas assim são-no bem mais. Só saí de casa à boca da noite. Leiria parecia nem existir. Vim pela beira do Rio ao resguardo remansoso das árvores. Impossível evitar que à cabeça acorresse a melancolia, essa seda da tristura da vida & da morte. Ruas e praças vãs, não porém desprovidas de certa sumptuosidade. Nem refracção, nem iridescência. Um entardenoitecer de implacável brandura. Morosa, amorosa, untada e ungida, a urbe suporta como pode que os de regresso a casa o façam na condição de silhuetas escuras, esvaziadas, sombras sem peso de si mesmas.
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