Pombal e Casa, Souto, de 22 a 25 de Maio de 2009
(Foto: Barreiras, Redinha, 24 de Maio de 2009)
Os rostos como cravos brancos deixados ao ar amarelo da manhã.
Viver em obra ante rostos como brancas carnações, eu vivo.
Transitoriedade lúcida, matizadas manhãs, uma chávena de café.
Ir ao mercado adquirir vegetais, ver os animais pelas ruas limpas.
Escutar no café os aposentados que refilam próstatas e catarros.
Um sósia do historiador Oliveira Martins pasma de cigarro nas unhas.
Uma senhora de sardas arruiva a atmosfera ao pé da arca dos gelados.
“A maior parte não tem justificação de existir”, clama um aposentado.
Morreu ontem João Bénard da Costa, que sabia escrever e cinema.
Um táxi descreve a Rotunda dos Bombeiros, dissipa-se no instante.
Em Évora no ano de 1867, com Eça jornalista de 22 anos de idade.
A 19 de Junho desse ano, fuzilamento no México do imperador Maximiliano.
Mulher vestida de panos pretos (blusa cinza-escura) mascando um bolo.
Cavalheiro de bigode-arbusto analisando a tabela da II Divisão, dita de Honra.
Às vezes, latino, mais do que bate,
o meu coração late um latim canino.
Late bate late bate bate late late late.
A efémera assembleia nutre o tempo comedor no escuro do anfiteatro. Do palco e da pantalha, flúem as sombrias luzes, as vozes eléctricas, as cidades estrangeiras que tocam os peitos breves. Vieram casais e homens sós e apreensivas mulheres e poucas crianças. Fora do teatro, dá-se a cinechuva a preto-e-branco. Dentro, o sábado esquece-se sem dor de si mesmo, atento à carburação da cena. Em plena tarde, a noite privada do sítio é de cordiais fantasmas vivos (ainda) povoada.
Nomes portugueses: Redinha, Vérigo, Presa, Barreiras.
S. Jorge e N.ª Sr.ª da Estrela.
Visitamos um casal criador de cores: pássaros e flores.
Criam cores, que mostram à passagem do domingo.
A mãe-melro tem ninho junto à porta da casa.
A cerejeira alimenta as aves independentes.
O homem fala de quando piloto de táxi-avião.
Come devagar, partilha o tempo-quando.
Regressamos a meio da tarde.
Há animais limpos pelas ruas.
2 comentários:
Bueste auga no O'rão?
Não calhou, não, buer auga no O'rão.
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