As canções seguintes (que tiveram a boa sorte de ser musicadas pelo grande Fran Perez e a má de terem sido entregues de bandeja a quem as não merecia nem merece nem vai ter; e não vai ter, quanto mais não fosse, pelo sentido do ridículo: 15 canções num espectáculo de 45 minutos, média de uma canção cada 3 minutos, e o texto é "dele"... ) são para o escritor colombiano Mario Lamo Jiménez. E são para a minha Mariana, voz pura e genuína e artista e tudo o que há de lindo neste (feio) mundo.
Canção da Imaginação
Quando as palavras dançam
No baile rodopiado
Parecem setas que lançam
(malucas, nunca se cansam)
um voar nunca voado
Se olharem dão por isso
Que as coisas às vezes são
Não aquilo que parecem
Mas fruto da imaginação
Biscoito pode ser osso
Se ao cão lhe convier
Como a cabeça pescoço
Se ela aí se esconder
Uma minhoca é dragão
Desde que traga um archote
um berlinde vira lua
sem medo de ser fracote
Um leão é uma formiga
Quando se mete na toca
E uma bola fica lua
No focinho duma foca
Crocodilos voadores
Não são nunca aflição
Aflição é ver a cores
A mais negra escuridão
Imagina, fica em terra
Vê os bichos e os países
O olho muito ele berra
E as bocas são narizes
De infantes os destinos
São pepinos destinados
Homens já foram meninos
A meninas entregados
Fruta-cores, furta-estrelas, furta-fruta
Sempre a andar
Maravilhada imaginada
Começa por escutar
Já que entrámos na viagem
E para saber os porquês
Vamos iniciar a descolagem
Com a frase: Era uma vez…
A Constituição das Duas Palavras
Quando as palavras dançam
No baile rodopiado
Parecem setas que lançam
(malucas, nunca se cansam)
um voar nunca voado
Se olharem dão por isso
Que as coisas às vezes são
Não aquilo que parecem
Mas fruto da imaginação
Biscoito pode ser osso
Se ao cão lhe convier
Como a cabeça pescoço
Se ela aí se esconder
Uma minhoca é dragão
Desde que traga um archote
um berlinde vira lua
sem medo de ser fracote
Um leão é uma formiga
Quando se mete na toca
E uma bola fica lua
No focinho duma foca
Crocodilos voadores
Não são nunca aflição
Aflição é ver a cores
A mais negra escuridão
Imagina, fica em terra
Vê os bichos e os países
O olho muito ele berra
E as bocas são narizes
De infantes os destinos
São pepinos destinados
Homens já foram meninos
A meninas entregados
Fruta-cores, furta-estrelas, furta-fruta
Sempre a andar
Maravilhada imaginada
Começa por escutar
Já que entrámos na viagem
E para saber os porquês
Vamos iniciar a descolagem
Com a frase: Era uma vez…
A Constituição das Duas Palavras
Nãomesqueças é a terra
Coça a boca com o nariz
Venha a paz ou venha a guerra
Pensoenti é o país.
Um velho homem ensina
Há um país imaginado
P’ra ser menino ou menina
Basta termos viajado
...
Às vezes, o céu é oceano
Voam peixes siderais
Isaura e Valeriano
Irmãozitos fraternais
Passaritos do jamais
Piam o piar humano
Passaritos animais
Canção da Chuva Tonta
Tinga, tinga, pinga, pinga
Tuca, tuca que é tucano
Chove leite e café
Chove um dia, chove um ano
Passaritos ananases
Chove tanto, Deus-a-dá
De voar são tão capazes
Passari’ Ananá’
Passa aqui, passa acolá
Chove tanto, Deus a dá
Lagartamos a maçã
Pa’ larva não falta nada
Palavrinha de manhã
Faz a noite acabada
Dios-te-dé, Deus eu te dei
No castelo nuvens altas
Tu rainha e eu rei
Faço falta, tu me faltas
Vaquinhas de algodão
Café em rama chovendo
Maravilhas coração
Maravilhas que só vendo
Canção Alucinação
Tango frango que fandango
Corta sumo de morango
Ando paro não desando
Quatro mil três vou contando
Sol e lua os dois na rua
Nua voa a libelinha
Que maluca é a cabeça
Direi quanto me apeteça
O esquecer e o lembrar
São mais fáceis de rimar.
Sol e lua
Um vestido, a outra nua
Tango frango que fandango
Hei-de um dia acordar
Tão quente qu’ei-de gelar
Música do Castelo de Gelo
Fora da boca são vapor
As palavras congeladas
Nem parecem ser faladas
Parecem só sentir dor
De ter sido afastadas
Por magia – faz favor!
Parece que a boca tem
Céu da boca tão nublado
Que o bafo vai e não vem
Dar sentido abafado
É magia:’tá falado!
Canção da Magia
(cantada potencializando o eco da voz)
Guá guá água characa
Eco dá, dá espelho bom
Que o som volve e volta a casa
Que bem bom é o som bom
Palavras saem da boca
São coelhos de cartola
Magia, palavra louca
Tira tiros de pistola
Canção à Lua
As palavras congeladas
Nem parecem ser faladas
Parecem só sentir dor
De ter sido afastadas
Por magia – faz favor!
Parece que a boca tem
Céu da boca tão nublado
Que o bafo vai e não vem
Dar sentido abafado
É magia:’tá falado!
Canção da Magia
(cantada potencializando o eco da voz)
Guá guá água characa
Eco dá, dá espelho bom
Que o som volve e volta a casa
Que bem bom é o som bom
Palavras saem da boca
São coelhos de cartola
Magia, palavra louca
Tira tiros de pistola
Canção à Lua
Amor gela sem queimar
Janela é vidro espreitado
Ferida que nunca vai curar
Fogo ardido tão gelado
Quem tiver de chorar, chore
Quem tem dor, chame-lhe sua
Há quem lá na lua more
E tenha lá casa e rua
Que a própria lua chore
Vê-se no Janeiro aberto
Quando a rosa nos demore
E o longe nos fica perto
Nuca faças mal à lua
Que ela mal nunca te fez
Sempre a lua que é só tua
Aparece mês a mês
Parece de prata fria
Tua vida, era uma vez.
Lágrima
Canta a borboleta
Dos teus olhos bebo água
A mágoa quero secar
A lua que trouxe, trago-a
Água doce de luar
(Crocodilo canta)
Saem tantas maravilhas
Filhas são gotas irmãs
Oceanos, tantas ilhas
Tantas noites e manhãs
Quando os olhos são só velas
Pingam cera a escorregar
Bolhas depois partem delas
À lua hão-de chegar
Quem chora mansinho sente
Maravilha! É só sua
Que só chore quem bem é gente
Lágrima plantada na lua
Namoro Lunar
O coração pesa um quilo
Pesa a lua muito mais
Lágrimas de crocodilo
Borboletas siderais
Música da Cidade das Toninhas
Espadachins e espadadas-peixes
Vai tudo de espadeirada
Tartaruga, não me deixes
Não deixes sem ser por nada
O Peixe-Semáforo
(electrificado)
Somos peixes, cauda e rabo
Com airlerons laterais
Está vermelho, ó diabo!
Parem lá, não sigam mais.
Coralina, nossa vida
Cor das águas mais correntes
Para a viagem ser cumprida
Tem de ter cores diferentes
Castelo, casa marinha
Onde o vento é a maré
Esta história tua e minha
É entrar, ver como é!
Rap Ciclone
(rap)
Esta é nuvem ciclone
Com a sua forte aragem
Engole feita trombone
O que apanha na passagem
Torvelinho olho feio
Cai tudo o que encontrar
Olho do polvo no meio
Fura cão e fura o mar
Gargalhada sem Dó Maior
Há sítios para coçar
Na memória, nos joelhos
Que quem souber gargalhar
São sempre novos, mesmo velhos
Na juntura do sorriso
No sovaco capilar
Riso não é choro, é riso
Porque rir é do pensar
Ninguém chame tolo ao ridente,
Não faça essa confusão
O choro vem do lembrar
O riso, do coração
Nos pezitos as areias
Fazem coçar o artista
Chorar tem cor de jornal
Rir tem cor de uma revista
Voar com os Pés no Chão
Há sítios para coçar
Na memória, nos joelhos
Que quem souber gargalhar
São sempre novos, mesmo velhos
Na juntura do sorriso
No sovaco capilar
Riso não é choro, é riso
Porque rir é do pensar
Ninguém chame tolo ao ridente,
Não faça essa confusão
O choro vem do lembrar
O riso, do coração
Nos pezitos as areias
Fazem coçar o artista
Chorar tem cor de jornal
Rir tem cor de uma revista
Voar com os Pés no Chão
Incha, incha, pincha, pincha
Senta, sente o algodão.
Se uma nuvem relincha,
Ladra uma saca de pão.
Quem quiser vir ver o céu
Venha que está convidado
Traga roupa ou venha ao léu
Nunca fica constipado.
Coisa é de maravilha
Mar e ilha e oceano
É fazer da noite a filha
De cada dia do ano.
O Cometa da Sabedoria
(Música Final)
Os cometas são de giz
Nos céus da noite traçados
Quanto é bom ser um petiz
E ouvir contos bem contados
Já ouvimos dos antigos
Coisas para recordar
São coisas depois para os livros
Antes disso para guardar
8 comentários:
o seu a seu dono. é assim mesmo, Cão!
Caro Daniel Abrunheiro,estou profundamente chocada com as palavras que profere, também manifesto a minhas palavras na web, mas a maneira como as profere, nem podia acreditar no que li, quando dei de caras com o seu blog. Também , vinda de fora, estive envolvida neste projecto.E posso dizer, que o respeito, a sinceridade o diálogo, e a honestidade sempre foram palavras de ordem, para comigo e para todos os que estavam em minha volta. Só quero que saiba que ofende muito mais do que pensa. Sinto-me, nem sei como me sinto, mais do que profundamente triste, dizer isto sobre um projecto que tanto acarinhei, pelo qual tanto trabalhei. Não sei porque vem para aqui falar desta maneira. Não o compreendo, se alguma coisa não estava como o seu desejo acha que este é o sítio próprio e as palavras certas? É só o seu trabalho que conta? e o dos outros? não vale nada? estou sem palavras... saiba que sempre ouvi falar no seu nome, mas nunca pensei puder ler o que li, nem escrever o que escreveu
Cara Filipa Alexandre: Filipa Alexadre é onomástica de gajo burro e de gaja estúpida. Siga as suas próprias vírgulas. Tão mal postas, que só lhe desejo o mais simples, sintáctica e morfologicamente falando: vá bardamerda.
se acha que a conversa se resume a isso, a vírgulas e pontuação, então o que escreve tem o valor que tem. Sinto-me tão triste por não compreender as minhas palavras e ir mais além do que o insulto, mas bem já vi que não vale a pena.
Desculpe mas não sabe ver para além de si. Pelos vistos não merece de facto o apreço que lhe tinha.Tenho tanta pena que tenha tomado essa atitude, mas compreendi que as suas palavras (que ainda à pouco saiam da boca da minha menina, fixada na melodia) não valem nada. Espero que ela as esqueça depressa.Fico tão triste por me responder assim. Adeus.
Filipa Alexandre - com todo o respeito e sem palavrões - penso que isto é apenas para que se perceba que nem todos andam de nuvem em nuvem mesmo que aparentem fazê-lo. Há mesmo gente que apregoa o sonho colectivo e, na verdade, sonha sozinho um sonho para si próprio. Penso que o Daniel Abrunheiro se cansou de dar palavras para um sonho sonhado sozinho e proclamado de todos. Mas - justiça lhe seja feita - o homem é bom com as palavras, não acha?
Por isso é que acredito que fale verdade. E, se fala verdade, deve publicá-la. Ah! Aconselhava-a a ler algumas biografias de autores que, se calhar, até admira. Um conselho: não confunda um homem com a sua obra porque pode muito bem acontecer-lhe o que lhe aconteceu: chamar a atenção ao autor e responder-lhe o homem.
Eu concordo com isso e até vou escrever sem virgulas que é para que o cão não se meta comigo. Mas ó Filipa qualquer cão açoitado morde não é verdade? Ora maltrataram o cão e o cão não se limitou a mostrar os dentes pois claro que não. O cão foi logo direito à perninha do menino. Se a menina estivesse quietinha na sua nuvem não tinha chovido na sua linda cabecinha. O melhor é mesmo a menina brincar com as suas marionetas pois essas ao menos não roubam nada a ninguém não respondem a sacanices com palavras duras e não dizem amarguras a meninas bem-intencionadas mas mal informadas.
Vou parar com isto de me apropriar do estilo do Saramago. Não vá o gajo morder. Bem mas também o gajo é como o Abrunheiro: tem uma escrita inconfundível.
Gostei da história da biografia dos escritores. Consta que o Fernando Pessoa tinha mau génio. E toda a gente sabe que o Pacheco era um ordinarão. Quanto ao Mário de Sá Carneiro, sempre a falar na morte, devia ser um chato deprimido. O Camões era um aventureiro. O Céline era um nazi. O Kant, um paranóico. O Dylan Thomas era bêbado. O Malcolm Lowry, nem é bom falar. Isto para não falar de escritores vivos – que esses ainda podem responder-me e eu não tenho lata para lhes falar sonhos.
Filipa, deixe lá a sua menina cantar as cantigas do Daniel. Pode ser que um dia ela se torne uma grande escritora e que, faça 15 (Ó Abrunheiro, afinal não é uma dúzia. São 15) canções para uma peça de teatro que vive de canções, um esperto venha dizer que a peça é dele, e ela tenha um ataque de mau génio.
Abrunheiro, deixo apenas um reparo: Alexandre não é antroponímico de gajo burro. Então e o Herculano? E o O´Neill? E o Graham Bell?
Alexandre, o Pequeno
"que ainda à pouco saiam"????
ou "que ainda HÁ pouco saÍam"?
menina, não seja parva e faça marionetes, ande, faça lá as marionetes e parta o lápis.
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